Os cinco skandhas




          Se eu estiver segurando um copo d’água e te perguntar: “Este copo está vazio?”, você vai dizer: “Não, ele está cheio de água”. Mas se eu derramar a água e repetir a pergunta, você dirá: “Sim, está vazio”. Mas vazio de quê? [...] Meu copo está vazio de água, mas não vazio de ar. Estar vazio é estar vazio de algo. [...]
Quando Avalokita [Avalokiteshvara, o bodhisattva da compaixão] diz que os cinco skandhas são igualmente vazios, para ajudá-lo a ser preciso, devemos perguntar: “Sr. Avalokita, vazio de quê?”. Os cinco skandhas — que podem ser traduzidos como cinco pilhas, ou cinco agregados — são os cinco elementos que englobam um ser humano. [...] Na verdade, eles são cinco rios fluindo juntos em nós: o rio da forma (que significa o nosso corpo), o rio dos sentimentos, o rio das percepções, o rio das formações mentais e o rio da consciência. Eles estão sempre fluindo dentro de nós. [...]
Avalokita olhou profundamente dentro dos cinco skandhas [...] e descobriu que nenhum deles existe por si só. [...] Forma é vazia de um “eu” separado, mas está cheia de tudo que há no cosmo. O mesmo se pode dizer dos sentimentos, percepções, formações mentais e consciência.



Thich Nhat Hanh, em “The Heart of Understanding”