SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO

Um ser humano apaixonado por todos os seres humanos.

Era um jovem, mas tão cheio de sabedoria. Sabia o que se passava no coração das pessoas. Sentia as suas dores, suas mágoas, suas frustrações, suas necessidades, suas limitações. Ele sabia bem como era difícil ser compreendido pelos outros, como era grande o desafio de ser valorizado como ser humano no meio de tantos humanos competindo para galgarem um degrau acima dos demais no pódio da vida.

Ele dedicou sua vida para fazer diferença na vida de muitos. O cego Bartimeu viu a luz brilhar pela primeira vez depois do encontro que teve com ele. A família do Jairo jamais esqueceria o que ele operou quando estavam prestes a sepultar a filha aos doze anos de idade. Ele fez o que nenhum médico experiente de nosso tempo poderia fazer: restaurou a vida em uma menina em cujas veias o sangue não circulava mais.

Mas naquela sexta-feira fatídica, o homem cheio de bondade não foi tratado do modo que lhe era digno. A crueldade humana correu solta e cometeu atrocidades contra a vida daquele que só agia em prol do bem-estar das pessoas. A inveja dos líderes religiosos judeus cegou o bom senso da multidão, e a moveu a gritar contra aquele homem, na presença do governador Pilatos, palavras de extrema rudeza: “Crucifica-o”!

O governador romano era hábil na arte de julgar. Ao analisar o caso, logo concluiu: “Mas qual foi o crime dele? Não vejo neste homem nada que faça com que ele mereça a pena de morte.” E numa tentativa habilidosa de salvar o acusado de uma sentença injusta, encaminhou-o para ser julgado pelo Rei Herodes. Este não chegou à conclusão diferente. Mas, com atitude de abuso do poder, entregou-o aos soldados para zombarem dele, vestindo nele uma capa vermelha e cravando em sua cabeça uma coroa de espinhos. Cuspiram naquele rosto manso e caçoavam dele, dizendo: “Viva o Rei dos Judeus!”

Cheios de zombaria, as autoridades, os soldados e as pessoas simples do povo não se davam conta de que aquele homem maltratado era de fato o Rei dos Judeus, o Messias prometido e, mais do que isso, era o Rei de todas as nações. Era no rosto do Rei do Universo que haviam cuspido! Era o sangue inocente do Criador da humanidade que seres desumanos faziam escorrer pelo corpo chicoteado.

Quando, fiel à tradição da época da Páscoa dos judeus, Pilatos expressou sua intenção de soltar algum preso, a multidão preferiu que fosse solto o assassino e amotinador Barrabás. Pilatos deixou-se corromper pela gritaria insana da multidão e deu a sentença injusta: Liberdade ao assassino e assassínio ao libertador.

Não poderia ter sido mais cruel a decisão: morte por crucificação. O dia mais estarrecedor da história da humanidade! O dia em que simples mortais decidiram matar o doador de toda vida. Homens injustos tiveram a petulância de julgar e condenar o Justo Juiz de todos os homens. Ele tinha poder para condenar todos os seus algozes, porém preferiu interceder por eles, ao dizer: “Pai, perdoa esta gente! Eles não sabem o que estão fazendo.”

Nem o sol suportou encarar toda aquela atrocidade. Naquele dia, a terra permaneceu na escuridão desde o meio-dia até as três horas da tarde. Em seu último suspiro, ele bradou: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” Ao se consumar a sua morte, as entranhas da terra se revoltaram e estremeceram. O comandante romano responsável pela execução percebeu, tarde demais, que havia tirado a vida de um homem inocente. Porém, conseguiu extasiado dar um fervoroso testemunho de fé, ao dizer: “De fato, este homem era o Filho de Deus!”

Que bom seria se hoje pudéssemos afirmar que a humanidade já superou essa índole má! Infelizmente, a corrupção ainda corre solta. Injustiças e barbaridades são noticiadas cotidianamente como fatos corriqueiros. Como pode o ser humano ser tão desumano? Quem nos salvará dessa tendência humana de praticar o mal? JESUS é a resposta.

Quando ele se deixou ser condenado injustamente por humanos, ele estava assumindo o lugar de todos nós naquela cruz. Ele derramou seu próprio sangue como substituto do castigo que nós todos merecíamos. O dia mais cheio de misericórdia! O dia em que Deus resolveu assumir a dívida de toda a humanidade e arcar com todo o prejuízo. Nenhum deus que os homens tenham criado seria capaz de sequer imaginar um ato de tão elevada benevolência! Deus morreu na cruz para que os homens pudessem viver eternamente com Ele no céu. O próprio Jesus afirmou: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá.”