Uma simples florzinha amarela
enche de perfume o ar
nos campos fica tão bela
na 6ªsanta a vão apanhar!
Esse é uma linda tradição
pouco a pouco sendo esquecida
mas guardamos no coração
seu cheirinho pra toda vida...
* Aqui no RS existe a tradição de na madrugada da 6ª feira santa, apanhar macela nos campos e dizem,ser então ser seu chá milagroso.
Como em tudo,infelizmente, quando estamos ainda no início de março, já nas esquinas há os vendedores dela.
Antigamente, lembro do barulhinho das carretas chegando com ela pelas ruas da cidadezinha e todos
pegando um pouco pra guardar para o ano todo...
Deixo aqui,virtualmente,com meu carinho, uma florzinha dela pra cada um... beijos,chica
Aqui, anexo um lindo comentário que parece poesia, de minha irmã, também Recantista, que se encontra no exterior até maio.Vejam que lindo!
Ilram Rekrem
Querida Chica,
Estou longe do Brasil e é Sábado de Aleluia--lembras dos bailes de Páscoa?--e os ovos de galinha estão sendo cozidos, lentamente e com sal (para que não quebrem), porém falta a coisa mais importante para mim e para a Vevi: o perfume da macela, enchendo a casa de Páscoa, por todos os cantinhos...
Talvez até exista e, aliás, vi, pela beira das estradas, tufos de uma planta com flores amarelas, bem semelhantes às da macela.
Gostaria de ter parado, mas era uma estrada de fluxo rápido, cheirar a florzinha renderia uma boa multa! Que falta que essa florzinha faz!
Os ninhos perderão sua principal característica: a doçura da macela que nos remete a recantos lindos de memórias recentes e antigas.
E a macela das histórias das excursões, quinta-feira de madrugada, para colher as flores antes de o sol nascer para garantir-lhe suas características de perfume e de cura. Tais saídas noturnas , muitas vezes, envolviam famílias inteiras que lá iam pelos morros do Paula e Sapucaia a catar tufos e mais tufos da plantinha, para garantir a saúde e a sorte da família e dos vizinhos de chimarrão.
Havia aqueles grupos de rapazes, nada religiosos e nem ligados a qualquer benefício da florzinha, que usavam a cata à macela como álibi para ir buscar flores murchas em lugares proibidos para mocinhas ingênuas, que acreditavam na beleza e pureza desses rapazes tão imbuídos em tradições pascoalinas.
Lembro das carroças, com ruas rodas a ranger pelos paralelepídos de nossas ruazinhas calmas, tocando os bois e gritando, suavemente, para não acordar os de sono pesado, "Marcela fresquinha!'
Vovó e Titia , já de café tomado e muita roupa lavada e estendida pelas cordas do quintal, corriam até o verdureiro com balaios e voltavam, felizes, com florzinhas para um ano inteirinho.
E mais felizes, ainda, porque o seu amigo, verdureiro de muitos anos de frutas, temperos, aipim, nabos, dálias, sempre-vivas, copos-de-leite, frísias, lhes dera 'de nhapa'. FELIZ PÁSCOA