NA CRUZ
Não precisa vir crucificar-me de novo, amigo. Eu mesma já me crucifiquei e estou na cruz há muitos anos. Ao contrário do Arquétipo Divino, sei que eu sou a grande culpada, a grande responsável por todos os equívocos, aquela que se matou e se mata e se deixa matar, por dentro e no cotidiano dos dias, em todos os sonhos que teve, por todas as dores que causou, quase sempre sem ter esta intenção. Sei que traí nosso destino e do Mistério de porquê o traí jamais saberemos; sei que traí os meus todos destinos pessoais possíveis. Errei demasiado, eu o sei sem sabê-lo e o sabendo e errei demasiado em todos os caminhos. Não sei se todos os meus companheiros de jornada - E TU ÉS O MAIOR DELES - são tão completamente inocentes como se pensam. Não o sei e não me cabe fazer tal julgamento. Então, só me coube e só me cabe assumir sozinha a culpa e a responsabilidade por todos os erros. Não me adianta pedir perdão porque, já o tendo pedido tantas vezes sem o conseguir, parece-me que não faço mesmo jus a ele, perdão. Quem sabe ainda o consiga de um Deus Clemente, que veja mais fundo do que o fundo. Só a Ele, a este Deus, me confio. A Ele, a este Deus Clemente peço vida, se não por mim, pela mãe que ficou-me nesta vida, para cuidar.
Zuleika dos Reis,em 22 de março de 2010.