Há uma passagem de um livro de um filósofo francês de quem eu gosto (Comte-Sponville, Tratado do Desespero e da Beatitude) sobre a morte, em que ele diz “A morte é meu horizonte e meu limite...”, frase esta que tem sobre mim imediatamente um curioso impacto, pela sua profunda simplicidade e, sobretudo, por sua irrefutabilidade.
Já falei disso muitas vezes. Então falemos mais da morte, esse tema tão controverso e temido. Vamos todos morrer, verdade mais certa da vida, porque não somos eternos. A morte é, então, meu horizonte. E após a morte, o que dizer? As crenças vigentes nos apresentam suas soluções esperançosas, a morte não é o fim, é apenas o começo. Viveremos possivelmente em outro plano, de outra forma. Há os que acreditam ainda num contato constante entre o que podemos chamar de mundo dos mortos e este aqui, o mundo dos vivos. A maior parte das religiões nasceu dessa expectativa. Não somos capazes de compreender e aceitar a realidade de nossa vida, do mundo que nos cerca, sem a idéia de um criador para tais fenômenos, criador e regulador. O resultado disso é que experimentamos os dissabores dessa vida com mais resignação, porque vamos parar de sofrer, vamos merecer um descanso eterno de paz e tranqüilidade. O que eu me pergunto por vezes é se vamos existir.
Compreensíveis tais sentimentos. É muito difícil e perigoso viver, precisamos de um alento para essa vida valer a pena, precisamos de uma recompensa que deve vir, se não aqui, muito além daqui. Devo acrescentar desde já que não creio em nada disso. E este fato não representa nenhuma falta de tranqüilidade, pois a morte, além de ser meu horizonte, é também meu limite. Tudo que sou, que sei e sinto, existirá até exatamente este ponto crucial e final: a morte. Nada além dela sobreviverá.
Sim, minhas palavras, talvez. E a lembrança que muitos terão de mim, pelo menos aqueles que sentirão minha falta. Fora disso, além disso, a morte é aquele temível e derradeiro momento depois do qual somos nada. E há o medo de ser nada, o medo de não mais existir, ou de não existir nada depois disso que achamos que é a existência.
Então por que fugir da vida? Por que não viver plenamente? Se é só isso, a experiência de vida será única e deverá ser aproveitada ao máximo. Regozijar-se com a existência é a melhor solução. Pensar na morte é, ao final das contas, pensar em como vou levar a vida!
Ora, a questão é que nos sentimos solitários com a realidade e a verdade de nossa vida. Sabemos que vamos perecer, num momento que estaremos mais solitários ainda do que pudemos estar em quaisquer outros momentos da existência. Somos solitários e sentimos medo dessa falta de eternidade, desse momento único e último. Sentimos o enorme medo diante de nosso horizonte e de nosso limite, incapazes, porém, de negar tanto um quanto outro enquanto a mais certa das possibilidades de nossa vida.
Considero, desse modo, que lucramos mais e podemos ser mais felizes se pensarmos assim, na morte como este epílogo da história de nossa vida, contanto que possamos viver intensamente cada momento como se fosse o último, mesmo que saibamos que não seja ainda.
Sinto muita falta das pessoas queridas que se foram. Mas sei a que mundo agora elas pertencem, por saber claramente a que mundo pertenço.
Estamos vivos, meus caros. Talvez seja muitas vezes este o problema: estamos vivos. Só que as pessoas que se foram me ensinaram o que é ficar...
Já falei disso muitas vezes. Então falemos mais da morte, esse tema tão controverso e temido. Vamos todos morrer, verdade mais certa da vida, porque não somos eternos. A morte é, então, meu horizonte. E após a morte, o que dizer? As crenças vigentes nos apresentam suas soluções esperançosas, a morte não é o fim, é apenas o começo. Viveremos possivelmente em outro plano, de outra forma. Há os que acreditam ainda num contato constante entre o que podemos chamar de mundo dos mortos e este aqui, o mundo dos vivos. A maior parte das religiões nasceu dessa expectativa. Não somos capazes de compreender e aceitar a realidade de nossa vida, do mundo que nos cerca, sem a idéia de um criador para tais fenômenos, criador e regulador. O resultado disso é que experimentamos os dissabores dessa vida com mais resignação, porque vamos parar de sofrer, vamos merecer um descanso eterno de paz e tranqüilidade. O que eu me pergunto por vezes é se vamos existir.
Compreensíveis tais sentimentos. É muito difícil e perigoso viver, precisamos de um alento para essa vida valer a pena, precisamos de uma recompensa que deve vir, se não aqui, muito além daqui. Devo acrescentar desde já que não creio em nada disso. E este fato não representa nenhuma falta de tranqüilidade, pois a morte, além de ser meu horizonte, é também meu limite. Tudo que sou, que sei e sinto, existirá até exatamente este ponto crucial e final: a morte. Nada além dela sobreviverá.
Sim, minhas palavras, talvez. E a lembrança que muitos terão de mim, pelo menos aqueles que sentirão minha falta. Fora disso, além disso, a morte é aquele temível e derradeiro momento depois do qual somos nada. E há o medo de ser nada, o medo de não mais existir, ou de não existir nada depois disso que achamos que é a existência.
Então por que fugir da vida? Por que não viver plenamente? Se é só isso, a experiência de vida será única e deverá ser aproveitada ao máximo. Regozijar-se com a existência é a melhor solução. Pensar na morte é, ao final das contas, pensar em como vou levar a vida!
Ora, a questão é que nos sentimos solitários com a realidade e a verdade de nossa vida. Sabemos que vamos perecer, num momento que estaremos mais solitários ainda do que pudemos estar em quaisquer outros momentos da existência. Somos solitários e sentimos medo dessa falta de eternidade, desse momento único e último. Sentimos o enorme medo diante de nosso horizonte e de nosso limite, incapazes, porém, de negar tanto um quanto outro enquanto a mais certa das possibilidades de nossa vida.
Considero, desse modo, que lucramos mais e podemos ser mais felizes se pensarmos assim, na morte como este epílogo da história de nossa vida, contanto que possamos viver intensamente cada momento como se fosse o último, mesmo que saibamos que não seja ainda.
Sinto muita falta das pessoas queridas que se foram. Mas sei a que mundo agora elas pertencem, por saber claramente a que mundo pertenço.
Estamos vivos, meus caros. Talvez seja muitas vezes este o problema: estamos vivos. Só que as pessoas que se foram me ensinaram o que é ficar...