Filiz dia das muié tudo!
- Ô, Creuzyleide, pru mode quê que ocê bateu ni eu, muié? Tá doida, tá?
- E ocê inda pregunta pr'eu, seu safado duma figa?... Tô aqui ralano feito uma condenada, dispois de tê passado o dia intirim ralano lá na casa da Dona Pirua, minha patroa, varreno, aspirano o pó, passano pano no chão, nos móvi, nos trem tudo, rumano as cama deles tudo, correno na padaria e no mercado pra comprá as cumida, fazeno café da manhã que máisi parece banquete, limpano os banhero tudo, pindurano as tuáia no sol, cunzinhano o armoço que é máisi banquete ainda, lavano, pindurano e passano as ropa deles tudo, fazeno o lanche, cunzinhano a janta, limpano as caca dos cachorro, varreno o quintal, tirano as ropa do varal, aguano as pranta, dispois inda peguei dois ômbus na vorta, ingualim que nem na ida, tudo abarrotado feito carreta de boi que vai pro matadô, c'o nariz infiado num suvaco ensebado e fidido, isprimida que nem que sardinha na lata... chego aqui e cumeço ralá de novo lavano as cueca imunda sua, os teu pano suado e lambuzado de cimento e tinta, as ropa minha e dos minino, varreno o barraco, banhano os minino, cunzinhano a janta de hoje e o armoço deles pr'amanhã, cunsertano as ropinha deles, as tua e as minha, mais cansada que burro véi puxano carroça... e tu fica aí todo escarrapachado na frente da televisão oiano seu futibó, tumano sua celveja, c'a barriga forrada c'a janta qu'eu que cunzinhei e inda por cima tu me vem cum essa de "filiz dia das muié!", caboco disinfiliz dos inferno!... Só num bato máisi pru mode que tô já sem força...