BREVE EXORTAÇÃO A ALGUNS HOMENS ( em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março)

Queridos: sede companheiros, em verdade e de verdade, das mulheres. Companheiros em pensamento, companheiros nas palavras, companheiros em vossas ações.

Sede companheiros de vossas mães, de vossas irmãs, de vossas amigas, de vossas colegas, de vossas namoradas, de vossas esposas, de vossas filhas, de vossas amantes, também da(s) outra(s) de vossas esposas(... )

Companheiros homens: sede companheiros de vossas mulheres e também de todas com as quais estiverdes em contato cotidiano, na vida profissional ou meramente no acaso dos ônibus, das ruas, dos becos...

Sede companheiros das mulheres que muitas vezes acabam por se ver, por força da NECESSIDADE, como uma espécie onipotente, onipresente, como se foram deusas. Não são. São apenas seres humanos, falíveis, feitos não só de pensamentos sublimes, maternais, mas às vezes também, como quase todos, de pensamentos pouco nobres e da mais dilacerada solidão. Afinal, chega a ser sobre humano, para tantas, a necessidade de serem, simultaneamente, o homem e a mulher de suas próprias vidas, vidas a englobar de filhos a velhos pais, alquebrados e impotentes; mulheres a sobreviverem muitas vezes, com o sacrifício de suas mais intransferíveis e recôndidas necessidades individuais.

Queridos:assim como acordamos o “homem” em nós, acordai a mulher em vós. Dir-me-eis: "Afinal, se somos tão centrados em nossas próprias necessidades, não são vós, mulheres, as responsáveis diretas por nos termos tornado assim, tal como dizeis? " Tendes boa parte de razão: a maioria de nós, mulheres, tem educado seus filhos homens para serem reis, cuja função primordial deveria ser a de servir, e que acabam existindo para serem servidos. Aliás, um mundo justo deveria ser pautado pelo princípio de que cada ser, homem e mulher, veio ao mundo para servir e para ser servido, isto é, para a prestação mútua de serviços. Alguns dirão: "Há serviços que cabem aos homens, outros às mulheres". Desculpem, mas penso ser este discurso ideologicamente muito conveniente para que o status quo permaneça sempre como tem sido, a serviço de um patriarcado que jamais deixou de exercer seu pleno poder, apesar das indiscutíveis conquistas femininas no mundo exterior ao lar.

Proponho-vos uma rebelião: Inicialmente, fazei crescer, multiplicai em vós, dentro de vós, na "mulher" que também vos habita o interior, os pensamentos, as palavras, as intenções de cumplicidade para com as mulheres, vossas companheiras de espécie neste mundo. Transformai então, toda essa energia em palavras e ações efetivas e vereis, certamente, crescerem as sementes de um novo tempo, de uma nova realidade, verdadeiramente humana, verdadeiramente fraternal.

Zuleika dos Reis