Dor Psíquica

‘A dor era tanta para a jovem Clarisse de 15 anos que ela precisou de algo para aliviar a ansiedade, a tensão, a dor psíquica...

Ela foi até ao banheiro, pois estava certa que iria cometer o suicídio, mas ao abrir a gaveta que iria pegar o veneno lá escondido viu uma lâmina e sem muito saber como e porque pegou a mesma e fez um pequeno corte. Descobriu que quando fazia pequenos cortes e via o sangue escorrendo a dor psicológica desaparecia e o alivio surgia.

Começou então a cometer esses atos freqüentemente. Com lâminas de gilete, cacos de vidro, estilete... Ela estava além de seu limite e sem perceber colocava sua vida em risco.

Seus cortes iam ficando cada vez mais profundos e em lugares estratégicos ou mesmo no braço, porém escondendo sempre de sua família, afinal que familiar iria aceitar um filho que pratica o ‘cutting’,ainda mais com essa falta de informação concerteza não compreenderiam o que estava acontecendo.

Clarisse se cortava para não se matar...

Os cortes profundos eram feitos sem nenhum tipo de dor, pois a dor que ela sentia dentro de seu coração, era bem maior do que cortes físicos, se sentia sempre aliviada, e uma alegria sem fim ao achar que tinha algum poder sobre si mesma.

Tudo já estava fora do seu controle e ela precisa se cortar sempre para aliviar cada vez mais sua dor que ia aumentando a cada segundo. Ela se considerava uma menina ‘normal’ mesmo diante desses atos, todos os seus cortes eram praticamente sempre nos mesmos lugares.

Sua mãe uma vez até que desconfiou,mas ela sempre arrumava desculpas e pela falta de conhecimento de sua mãe sobre o assunto ela sempre deixava passar.

O ato de se cortar com o tempo já não era o suficiente o bastante para aliviar aquela dor... Os pensamentos já não tinham sentidos positivos e tudo foi piorando.

Já não conversava com seus amigos como antes, não saia, quase não se alimentava. Esse transtorno estava além do limite daquela pobre menina.

Ela então escreveu várias cartas de despedida e o desespero a cada segundo tomava conta dela.

Em uma quarta feira Clarisse acordou cedo, se vestiu e foi a um prédio ainda em construção perto de sua casa,tinha uns homens trabalhando no mesmo,porém ninguém a viu,ela subiu até o último andar,estava decidida a pular,não pensava em nada e nem em ninguém,fazia movimentos circulares com a mão ao redor da cabeça e chorava desesperadamente.

Sentou no parapeito de uma janela,olhou pra baixo e pulou...

Clarisse pulo do último andar,foi a última coisa que ela se lembrou.

Caiu sentada na grama...Sobreviveu embora tenha se quebrado toda,bacia, costelas,sua cabeça não sofreu nenhum arranhão...

Clarisse não movimenta seus braços, seu corpo, porém as marcas de uma vida sofrida ainda continuam. Hoje ela faz terapia e não se corta mais, seus pais tomarão conhecimento... talvez tarde demais.”

Nay Ribeiro
Enviado por Nay Ribeiro em 05/02/2010
Reeditado em 21/04/2017
Código do texto: T2070225
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