O JULGAMENTO CABE A DEUS

“Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também. Propôs-lhes também esta comparação: Pode acaso um cego guiar outro cego? Não cairão ambos na cova? O discípulo não é superior ao mestre; mas todo discípulo perfeito será como o seu mestre”. (Lucas 6,37-40)

Essa linda passagem vem nos fazer refletir sobre a nossa vida em relação ao próximo, de modo em que não façamos ao outro aquilo que nós não queremos que façam a nós. Mas será que é possível pôr em prática estas palavras tão sábias do evangelho? O ser humano é cheio de falhas e isso muitas das vezes incomodam aqueles que se dizem perfeitos.

Na realidade estas palavras podem ser aplicadas a vida quotidiana, já que as reações humanas são julgar aqueles que por suas negligências, fracassos, limitações ou esquecimentos causam males e a raiva a sociedade em que vivemos, mas Jesus que conhece o coração de todos nós, não se engana quanto as nossas motivações de tomarmos certas atitudes, portanto Ele avalia da seguinte maneira: “ Pode acaso um cego guiar outro cego?”

Essa frase nos faz descobrir que o ser humano que julga o outro, é um cego que ás vezes não consegue enxergar nenhum palmo a sua frente, porque acha que só existem qualidades a serem observadas nele. Posso muito bem julgar as falhas dos outros, mas se eu não perceber que também falho, na realidade não vai adiantar em nada corrigir o que não cabe a eu julgar.

Existem muitas razões para julgarmos quem está próximo de nós, mas será que a miséria do outro, não é a minha miséria? Quando julgo meus irmãos estou fazendo bem ao meu ego, que diz estar certo em tudo, e se você ainda não entende o ego, tenha certeza ele é muito infantil e não devemos nos enganar com essa letrinha tão pequena, porque é puro disfarce, e posso bem comparar o julgamento com o ego, porque na realidade este tal de ego humano, ele quer aparecer, e faz de tudo para chamar atenção e ser admirado, você já percebeu?

O ego humano é doente, e quando começa a se achar, pode ter certeza, ele acaba caindo e desconsiderando todas as pessoas ao seu redor, porque se sente injustiçado por aquilo que ele nem mesmo fez ou teve coragem de assumir. Agora que você compreende o seu ego, podemos ir para outra parte do corpo tão preciosa que Deus nos deu, que são os nossos olhos. O Senhor nos diz: “Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão e não reparas na trave que está no teu olho? Ou como podes dizer a teu irmão: Deixa-me, irmão, tirar de teu olho o argueiro, quando tu não vês a trave no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e depois enxergarás para tirar o argueiro do olho de teu irmão”. (Lucas 6,41-42)

Essa passagem da bíblia retrata bem como os nossos olhos podem enganar o coração, e quanto somos falhos a ponto de observarmos nas pessoas os defeitos, que o Senhor explica como argueiro, que seria um cisco no olho do nosso irmão. É fácil enxergar os argueiros nos outros, mas e o nosso? Será que não está na hora de reconhecermos os nossos pecados?

“ Um certo dia um menino mal vestido e todo sujo estava passeando pelas ruas, e pedindo esmolas, até que ele notou uma pessoa falando sobre Deus e ficou lá observando. O homem parecia muito jovem e elegante, e estava com uma bíblia na mão proclamando o evangelho com todo fervor:

- O Senhor diz para não julgarmos o próximo. O Senhor nos fala para termos compaixão das pessoas e amarmos sem julgarmos. O Senhor te convida neste momento filho e filha a escutar essas palavras.E continuou falando coisas lindas sobre Deus.

Ele notou aquele simples garoto escutando suas palavras e mais algumas pessoas diferentes se aproximando dele e começou a falar mais alto, gritava e exclamava para a praça ouvir tudo o que tinha para falar. Quando terminou sua pregação, muitas pessoas já estavam chorando e outras nem deram tanta importância assim e foram embora.

Algumas pessoas foram conversar com o tal homem, pedindo que ele fosse pregar em suas igrejas e começaram a questioná-lo sobre muitas coisas. O menino maltrapilho ficou olhando para o homem e se aproximou dele, porém, este mesmo não dava atenção nenhuma para ele, pois estava conversando e dando atenção ás pessoas que pediam insistentemente o seu telefone de contato, ou marcando um dia para conversar com ele.

O menino pegou na roupa do pregador e disse:

- Poderia te pedir uma coisa?

O homem olhou em seus olhos e disse:

- Dá um tempo garoto, eu estou ocupado! E outra, eu não tenho dinheiro, saia daqui, por favor?!

O menino então resolveu esperar para de repente ser atendido por aquele homem, até que voltou de novo nele dizendo:

- Meu senhor, será que você pode me ajudar?

- Não sei pra quê existe tanto pivete nas ruas?! – ele retrucou, não dando atenção ao menino.

- Moço, eu queria te pedir uma coisa, será que você poderia me dar?

- Menino, eu estou com pressa, eu não tenho dinheiro, me desculpe! – o homem falou de forma arrogante, dando as costas para o menino.

- Minha mãe disse para eu procurar hoje na cidade, e aqui nesta praça, um homem que estivesse falando de Deus, então eu vi o senhor! – o menino gritou.

O homem voltando-se para o garoto perguntou:

- Por quê sua mãe te pediu isso?

- Para salvar a minha irmã, pois ela está doente, e eu queria te pedir uma coisa, posso?

Sensibilizado e ao mesmo tempo confuso ele disse:

- Eu não sei o que você vai pedir, mas peça!

- Apenas uma oração senhor! Você disse que Deus salva, será que ele vai salvar a minha irmã?

O pregador com os olhos cheios d´água e ainda sem ação falou:

- Salva sim filho, e você acabou de me salvar!”

“Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos.” (Filipenses 2,3)

O ego e os nossos olhos mentem a todo instante, e quando não temos a humildade para perceber as simples coisas, acabamos julgando até mesmo nós, melhores do que os outros. Muitas vezes queremos pegar a cadeira do juiz e sentar-se nela para julgar, mas fazemos pior, pois queremos condenar as pessoas sem provas ou nenhum tipo de pista que revele o coração alheio. Apenas olhamos e julgamos, e só basta isso para termos a total razão sobre os fatos e situações, se na realidade o que devemos fazer é conhecer para amar, e não simplesmente julgar de forma vista pelo nosso ponto de vista. O pregador da história em nenhum momento julgou o menino pobre com os olhos de Deus, mas a todo instante quis vanglória e reconhecimento das pessoas ao seu redor que estavam a ouvi-lo. O maior sinal que Deus deu para ele foi na simplicidade do menino, quando este mesmo pediu apenas uma oração. Nesta simples história quis mostrar que não devemos ficar cegos para os acontecimentos que passam por nós

Quando começarmos a não notar os simples erros dos outros e verificarmos os nossos poderemos sim entender e julgar nossas atitudes diante das pessoas. Julgar uma ação que eu tenha feito de errado e de repente tenha machucado um amigo. Julgar o meu reflexo no espelho dizendo que hoje eu posso melhorar. Julgar sem condenar os meus erros, mas aprendendo com cada um deles, e fazendo diferente, sendo diferente, e pedindo auxilio ao Senhor para cada dia mais estarmos pertos de sua graça para fazer somente o bem.

Roberta Mendes de Araújo
Enviado por Roberta Mendes de Araújo em 04/02/2010
Código do texto: T2069496
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