Vida...

Querid@ Amig@

Deixa-me postar aqui este lindo poema de Manuel Bandeira, Madrigal Melancólico...

"O que eu adoro em ti,

Não é a tua beleza.

A beleza, é em nós que ela existe.

A beleza é um conceito.

A beleza é triste.

Não é triste em si,

Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,

Não é a tua inteligência.

Não é o teu espírito sutil,

Tão ágil, tão luminoso,

- Ave solta no céu matinal da montanha.

Nem é a tua ciência

Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,

Não é a tua graça musical.

Sucessiva e renovada a cada momento,

Graça aérea como o teu próprio pensamento,

Graça que perturba e que satisfaz.

O que eu adoro em ti,

Não é a mãe que já perdi.

Não é a irmã que já perdi.

E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,

Não é o profundo instinto maternal

Em teu flanco aberto como uma ferida.

Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.

O que adoro em ti - lastima-me e consola-me!

O que eu adoro em ti, é a vida."

(Manuel Bandeira, in "Madrigal Melancólico"

Angela....:)