HOMENAGEM Á DRA. ZILDA ARNS
Há pessoas que são como as forrageiras
Permanecem rente ao chão
Envolvidas com assuntos estéreis como o é a sua própria vida
Se começarem a crescer se secam
Suas raízes são minúsculas e frágeis
Outras, como a palmeira crescem em ângulo de noventa graus
E, à medida que crescem, se ensoberbecem em seu narcisismo
Vivem à cata de elogios e são amigas do espelho
Não fazem sombra e não dão frutos
Enfeitam a terra com a sua beleza e oratória rebuscada e vazia
Cuidam de si próprias e se preferem às outras pessoas
Outras, entretanto, crescem lançando raízes para baixo e para os lados
Crescem para cima e para os lados
Fortalecem-se para não romperem quando abundarem os frutos
Dão sombra e frutos generosamente
E quanto mais dão frutos mais acessíveis se tornam, dobrando-se
Ouvem angustiadas a voz arrogante das palmeiras
E, pasmadas, a mesmice das forrageiras