Resoluções de ano novo



A virada do ano está chegando. Esta é mais uma daquelas épocas em que as pessoas se insuflam de uma esperança de que seus sonhos se tornem realidade. Afinal de contas, tudo indica que um novo ciclo estará se iniciando e, então, nada mais conveniente que se aproveite a oportunidade para tentar algo que torne a vida diferente.

Não raramente vê-se por aí quem faça uma lista de novas atitudes que pretenda assumir ou de realizações que tencione consumar. Há quem jure que irá parar de fumar; outros se comprometem a dar início àquela dieta que será acompanhada de muita atividade física; existem aqueles que, tocados pelo momento de confraternização, resolvem dar mais atenção à família e aos amigos; não deve ser difícil encontrar que se encha de coragem para tentar dar um pé na bunda de quem não faça mais sentido na vida; e – por que não? – alguém há de querer esboçar aqueles planos de viagem à Torre Eiffel, à Estátua da Liberdade, às Pirâmides do Egito, sei lá, ao Taj Mahal, que seja!

Contudo, parece que esse espírito de renovação que contamina a tantos tem um curto prazo de validade, já que todos os anos se iniciam com essa infinidade de resoluções sendo tomadas e, invariavelmente, a maioria não chega a lugar nenhum. Quase tudo fica malparado num atoleiro de frustrações.

Por certo, que não há lógica nenhuma em imaginar-se que a mudança do calendário, por si só, traga algum efeito mágico que possa influenciar a vida de quem quer que seja. O último dia de dezembro dá lugar ao primeiro dia de janeiro, como a última segunda-feira tomou o lugar do domingo que a antecedeu; ou qualquer outro dia que se escolha. A toda hora o tempo passa e ele, em si, não traz consigo nenhum superpoder mirabolante. As pessoas é que mudam com o passar do tempo e qualquer encanto, com efeito concreto ou metafísico que se queira ver consumado, nasce de uma força que reside dentro de cada indivíduo e não numa folhinha que está pendurada na parede.

Entretanto, não se pode desprezar o efeito psicológico que as crenças do ser humano lhe acarretam. A bem da verdade, tomar uma resolução firme em qualquer direção ou com qualquer sentido, pode ocorrer em qualquer instante em que o ânimo de uma pessoa se sinta tocado. Pode ser numa data de aniversário; num dia em que quase se morreu atropelado, mas saiu-se ileso; ou, quando a conjunção dos astros tenha formado alguma triangulação pitoresca no mapa astral. Qualquer dia é dia e, assim, eleger a virada do ano como sendo esse tal momento de inspiração não é tão melhor ou pior que qualquer outro instante da vida.

O importante é que não se desperdice a mágica desse momento de enlevo e inspiração. Se alguma sugestão pode servir de auxílio, eu diria que é importante ter em mente as reais prioridades da vida, selecionar aquelas que têm maior relevância ou urgência e optar por aquilo que realmente dependa de uma mudança de atitude, mas que seja efetivamente sustentável a médio e longo prazo. Tudo, enfim, é um mero exercício de vontade. E a vontade, não é algo que apareça do nada para nos impulsionar adiante, mas sim, nossa capacidade de superação para ir adiante mesmo quando não se está lá com muita vontade.

Pois bem! O ano novo está aí na porta. Pelo sim, pelo não, faça sua própria lista de resoluções. Toda e qualquer atitude no sentido de ser mais feliz é sempre válida. Que você tenha sucesso naquilo que deseja. Muito boa sorte!

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