É tempo de não bastar.
É tempo de não bastar.
O excelente tornou-se vil.
E o vil banal.
A essência perdeu seu lugar para o exterior.
Os sentimentos puros deram lugar a palavras semanticamente inapropriadas.
Amor deixou de ter seu peso, para ser apenas uma expressão corriqueira.
Vivemos o tempo do imediatismo.
Em busca tão falada excelência tudo necessita ser melhor e melhor.
Hoje para se ter qualidade, precisamos de certificação.
Para se ter validade, precisamos de datas de vencimento.
E um bom produto só subsiste se tiver muitos conservantes.
E o ser humano não existe por si só, precisa de belas embalagens.
É o exagero das propostas promíscuas.
A escassez das ofertas sinceras, singelas.
O não ao amor e o sim a paixão.
Não ao perene e sim ao pontual.
O caos dos relacionamentos duradouros, o sim aos instantâneos, internéticos.
Uma carência predominante, abominável se estende nas redes.
Nas casas, em nosso interior.
E freneticamente prosseguimos vivendo o hoje tecnológico.
Hoje das bioplastias, lipoaspirações, do corpo perfeito.
Das almas perdidas.
Como tolos caminhamos insolentes...