A todos os amorosos dos gatos...

Perdemos, há bem pouco, uma gatinha da raça norueguesa, linda e peluda, carinhosa e sensata.

Temos outra, de raça mista, linda e menos peluda, mas carinhosa e dona de si, aparente contradição, só aparente, que se acha nos primórdios da fugida... Ou isso estamos já a pensar... Oxalá não seja assim!

As duas começaram a sua fugida do tempo deixando de comer e não bebendo, mas suportando todos os remédios da ciência moderna veterinária: análises, injecções, intubações e alimentação por veia...

Estas situações obrigam-me a pensar... absurdices... como que tem de haver um céu para os gatos e os cães, pelos mesmos motivos por que dizem que há um céu para os humanos...

Também penso que eles, elas, são mais realistas do que nós os humanos, que nos agarramos à vida ou ao que dizemos vida até nos enganarmos radicalmente. Não, elas parecem conhecer-se bem e aceitar o seu destino submissas... Nós, paradoxalmente, andamos submissos aos que ordenam a nossa existência, tão absurdos e contraditórios como nós podemos ser, e, porém, resistimo-nos às ordens superiores, tão firmes quanto desconhecidas, que nos mandam ir-nos embora...

Decididamente os gatos ou os cães são mais coerentes e sérios que os humanos somos...