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Ora, o crítico não passa de um crítico; o escritor, de um escritor.  Já os leitores, esses sobrepairam...
       Nós somos simples passagem; eles, permanência e decisão.  Eles sim transitam incessantemente, revezando-se no tempo -- século a século --, e decidem do valor da obra.
       Invisível, impalpável e inalcançável é a glória.  O artista não a vê, pega ou alcança; essa alta missão cabe aos leitores, que não a podem sinalizar já, nem talvez este ano, nem daqui a quarenta, ou sessenta, com ele ainda em vida. 
      E seu talento não o vê o literato, apenas o pressente.   Aos interessados em seus trabalhos compete a tarefa de descobri-lo, convencer-se e convencê-lo do seu valor. 
     Que o escritor  deixe o sofrimento, a angústia, a mais inconcebível solidão assentar no fundo de sua alma, e aí sim escreva. 
     Que deixe os amores acontecerem e desacontecerem.  E só então escreva.
 
     E reescreva, que as palavras são inúmeras e generosas...
 
Jô do Recanto das Letras
Enviado por Jô do Recanto das Letras em 18/10/2009
Reeditado em 22/01/2011
Código do texto: T1874022
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