Ontem foi Dia do Professor e vou voltar ao tema - Estela Casagrande

ELA - [ 16/10 ]

Gentileza gera gentileza - Estela Casagrande

Notícia publicada na edição de 16/10/2009 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 4 do caderno Ela.

Ontem foi Dia do Professor e vou voltar ao tema.

A coluna da semana passada repercutiu de uma maneira bastante intensa entre leitores e amigos. Na própria noite de sexta-feira, durante o Café Filosófico, onde fui me deliciar com a palavra (e o canto) de José Miguel Wisnik, encontrei pessoas que disseram gostar do que escrevi para esta categoria de profissional que muitas vezes é pouco valorizada.

Outros me disseram que, por causa disso, lembraram de um professor que tiveram, uma professora...Notei que os exigentes e os contagiantes são os mais lembrados. Assim era o professor Roberto Samuel, a quem eu dediquei minha confissão da semana passada. Se ele exigia era porque se doava, porque nos seduzia com autores que ficariam para sempre em nossas vidas. E sabe-se, quanto mais se lê, mais se aprende a escrever.

Durante a semana fui socorrida em minha memória por uma colega, não de classe, mas da mesma Getúlio Vargas sobre um outro aspecto do professor Roberto.

Maria Cristina Santos Piardi relembra Olá Estela, como sempre li a sua matéria de hoje no Ela, e lembrei do prof. Roberto, sempre muito querido por todos e tenho a certeza de que ele faz parte do melhor período de nossas vidas, o tempo de GV.

Só faltou citar a inclusão do teatro na escola e na vida de muitos alunos. Ele promoveu os festivais de teatro do GV, deliciosos e que marcaram a nossa história.

Eu também cursei o Redator e participei de 3 festivais. O Marcelo Marra era o autor e diretor, começou lá e hoje ele e a Elisete continuam com o teatro.

Isso tudo foi muito importante na época (já se vão 25 anos), e para muitos, importante para vida toda. Que o prof. Roberto continue sendo o mesmo professor que nós tivemos.

Cristina tem razão, uma falha não citar os festivais. Roberto na época convenceu o sisudo diretor Pedroso e instaurou o Festival de Teatro. Pés no Chão, a peça que participei, tinha uma cena em que um colega declamava ‘Operário em Construção (Vinícius de Moraes), e deixava a todos com um nó na garganta. Lembro que a peça contou com a participação preciosa de alunos de Química e ‘Magistério na luz/som e maquiagem, unidos pelo propósito final. E como bem lembra Cristina, Marcelo Marra e Elisete Martins começaram naquela época e continuam no teatro até hoje, assim como tantos de nós, que optaram pelo Magistério, pelo Jornalismo e pela Literatura.

O próprio professor Roberto me escreveu e compartilho com os leitores, com a concordância dele, de um trecho.

Lembro-me perfeitamente de muitas das nossas aulas e de quanto era bom passar textos a vocês, pois passavam a analisar com tal propriedade que assustava a muitos. Vocês iam em frente e ultrapassavam minhas expectativas. Eu aprendia junto. Tinha muita vontade de escrever sobre essas experiências, como relato profissional e de vida, mas não dava tempo pois eu ficava praticamente manhã, tarde e noite em sala de aula. Mas era muito bom. Vocês eram alunos muito inteligentes e sensíveis, além de perspicazes.

Você não pode imaginar quantos alunos do GV passaram a acompanhar minha vida e acompanham até hoje. Viraram amigos perenes e, muitos, presentes.

Lembro-me de muitas apresentações de montagens com poemas que vocês fizeram, de uma qualidade que muitos profissionais não fizeram.

Pois bem, minha amiga, posso dizer-lhe que vocês, alunos e ex-alunos, realizaram-me e me realizam até hoje. É tão bom trocar experiências utilizando a mediação de textos de autores que se tornaram imortais deixando a experiência artística deles, para nós.

Naquele momento, vocês, adolescentes, curiosos, ansiosos para conhecer mais da vida, cheios de energia e de espírito crítico, traziam e precisavam de mais alimento para questionar o mundo, os homens, a vida.

Eu, por felicidade, fui colocado nesse meio e colho muitos frutos até hoje.

Como eu dizia, ontem foi Dia do Professor. Se você tem um mestre querido, atual ou do passado, que mereça sua gratidão, vença a timidez, arrisque-se, ligue, escreva...

Termino endossando as palavras de Cristina: Que o prof. Roberto continue sendo o mesmo professor que nós tivemos.

estela.casagrande@jcruzeiro.com.br

Douglas Lara
Enviado por Douglas Lara em 16/10/2009
Código do texto: T1869770