A força do professor, da professora?

"Lembrem-se disso, orgulhosos homens de ação. Vocês não passam de instrumentos inconscientes dos homens de pensamento que, frequentemente, no mais modesto silêncio, predeterminam, de modo preciso, qual a sua ação. Maximilien Robespierre nada mais era do que a mão de Jean-Jacques Rousseau, mão sangrenta que tirou do seio do tempo o corpo cuja alma Rousseau criara. O medo inquieto que amargurou a vida de Jean-Jacques tem talvez sua causa no fato de ele ter pressentido qual o parteiro que traria ao mundo suas idéias" (HEINE, H. A verdade e os atos. In: Prosa política e filosófica de Heirich Heine. Trad. E. Remer & M. Sardinha. Rio de Janeiro: (1834) 1967, p. 156.

"Há mais de cem anos, o poeta alemão Heine alertou os franceses para não substimarem a força das idéias: os conceitos filosóficos nutridos pela quietude do gabinete do professor poderiam destruir uma civilização. Ele falou da 'Crítica da razão pura' de Kant como a espada com que o deísmo alemão foi decapitado, e descreveu os trabalhos de Rousseau como a arma manchada de sangue que, nas mãos de Robespierre, havia destruído o Antigo Regime. (...) Mas, se os professores podem verdadeiramente manejar um poder assim fatal, não será também o caso de que somente outros professores ou, ao menos, outros pensadores (e não governos ou comissões parlamentares) podem desarmá-los? Nossos filósofos parecem estranhamente inconscientes desses efeitos devastadores de suas atividades" (BERLIN, I. 'Two concepts of liberty. In: The proper study of mankind. Londres: HH & RH, (1958) 1998, p. 192.