Todo Mundo e Ninguém
Dois amigos chamados Todo Mundo e Ninguém, resolveram se encontrar para debater assuntos importantes como família, perspectivas e objetivos de vida.
Todo Mundo é individualista, materialista e acredita que os fins justificam os meios;
Ninguém é altruísta, tem capacidade considerável de empatia e acredita poder contribuir para alcançar um mundo melhor.
Todo Mundo quer sucesso;
Mas, Ninguém quer fazer sacrifícios para alcançá-lo;
Todo Mundo almeja felicidade;
Mas, Ninguém entende que conquistá-la é tarefa interminável;
Todo Mundo quer ser rodeado por bilhões de amigos;
Mas, Ninguém se importa em compreender e aceitar aos outros;
Todo Mundo é vaidoso e precisa de elogios;
Mas, Ninguém se dispõe a admirar os outros;
Todo Mundo diz ter responsabilidade;
Mas, Ninguém quer assumir os próprios erros;
Todo Mundo exige seus direitos;
Mas, Ninguém entende que possui também, suas obrigações;
Todo Mundo quer a glória;
Mas, Ninguém aprende com os fracassos;
Todo mundo deseja ter cada vez mais;
Mas, Ninguém prioriza ser cada vez melhor;
Por fim, Todo Mundo quer mudar os que estão a sua volta;
Mas, Ninguém reconhece seus erros e respeita os outros como eles são...
Ao término da conversa, os amigos partiram, cada um para um lado, certos de que Todo Mundo quer ter razão e ser dono da verdade; enquanto Ninguém quer apenas fazer sua parte e zelar pela justiça.
E aí, com qual dos dois o leitor se identificará?
Nota: Lembrei-me de um exercício de interpretação de texto, onde se tinha que analisar o trecho do Auto da Lusitânia, do escritor Gil Vicente, no qual havia este jogo de palavras com os termos Todo Mundo e Ninguém. Resolvi então, fazer uma adaptação com o mesmo jogo de palavras, colocando as minhas idéias no intuito de criticar a inversão de valores... Espero que tenha me saído bem!