O Brasil é uma lixeira?

Veja só a notícia:

“Sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Contêineres com lixo tóxico chegam ao porto da Grã-Bretanha. Agência ambiental britânica vai investigar como material veio parar no Brasil

Por: Redação Nova Brasil FM

Os 70 contêineres com lixo tóxico, enviados ilegalmente ao Brasil no mês passado, chegam hoje ao porto da Grã-Bretanha. Outros 19 recipientes ainda estão a caminho do país, sem previsão de chegada. A agência ambiental britânica vai desinfetar os contêineres antes de examinar seu conteúdo, para depois destruí-lo. O órgão também já iniciou uma investigação para descobrir como o material veio parar no Brasil” (Fonte: <http://www.novabrasilfm.com.br/noticias/nova-brasil-informa/conteineres-com-lixo-toxico-chegam-ao-porto-da-grabretanha/>. Acesso em 22.08.2009).

Lida a notícia, segue meu texto:

Às vezes, olhamos para o “velho mundo”, a Europa, e nos sentimos ignorantes, dado que lá foi entendido como o local onde se deu o nascimento, a gênese, de nossa cultura ocidental, sobretudo com o encontro entre a filosofia grega e o cristianismo-judaico. Isso desde há muito... Depois, ja na Modernidade, também parece ter sido lá que a ciência (tal como conhecemos e praticamos atualmente) se firmou.

Mais recentemente, terminada a Segunda Guerra Mundial, passamos a mirar o Japão e os Estados Unidos da América do Norte (que os estadunidenses insistem, arrogante e obtusamente, em chamar de “América”, como se toda a América do Norte se reduzisse às suas ex-treze colônias britânicas!) e a nos sentir pobres. É que as duas primeiras potências ainda concentram grande parte da riqueza produzida pela humanidade e influenciam a produção do total de bens que depende de todos os humanos do mundo.

Ignorantes e primos pobres: assim nos identificamos em face de estadunidenses e japoneses. E como se isso não bastasse, agora também a Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia e País de Gales) quis nos impingir o epíteto de “Lixeira do Mundo”. Não é que eles tentaram fazer com que “engolíssemos” centenas e centenas de milhares de quilos de lixo tóxico?

E eu fiquei lembrando da lição que me passaram quando eu era criança e que eu repassei à minha filha: “Lixo, na lixeira! Não no quintal do vizinho! Nem na rua ou assemelhados”. Mais que uma questão de etiqueta (pequena ética), mas algo a refletir respeito a nós mesmos, à nossa casa comum que é o mundo e aos outros nossos semelhantes que precisam de qualidade ambiental para conduzirem-se vida afora.

Não é que os britânicos infringiram exatamente essa regrinha aí, de boa convivência, que qualquer criança no mundo aprende logo nos primeiros anos de vida?! Ainda bem que, ao menos nessa questão específica, o Brasil não baixou a cabeça e mandou de volta o “Presente Britânico”, mal-educadamente enviado aos nossos portos.

Então, que eles, os britânicos, re-aprendam o que esqueceram: Senhores, podemos ainda ter baixa auto-estima, sentindo-nos não portadores da “sapiência” européia que tanto nos fascinam (sobretudo na academia!) e podemos nos sentir pobres (em desenvolvimento)... temos lá razões histórias para essa dependências às avessas e para esse colonialismo vesgo, mas de uma coisa já estamos certos (e isso é positivo para recuperarmos nosso amor-próprio como nação!): nós não somos a lixeira do mundo. Como diz em latim: "vade retro", falta de educação! Respeitem-nos, se é que querem ser merecedores de nossa capacidade de respeitar!