Escrever: O Que Tenho Aprendido Até Aqui
Estou para completar nove meses de Recanto. Legal, ‘a criança’ já pode nascer! Aqui conheci muita gente interessante e tive oportunidade de trocar boas idéias no que tange ao processo de escrever. Não podia ser diferente, claro, num site voltado para escritores... No entanto, uma coisinha tem me incomodado ultimamente. Sinto falta de uma interação mais rica, mais palpada numa visão crítica (sadia) do porquê gostamos ou não de um texto. Recentemente, assisti na internet um vídeo em que um escritor, já há muito mais tempo na estrada do que eu, fala de sua experiência, dos prós e contras da profissão escritor.
Uma das coisas que ele apontou: todo escritor, para se tornar um bom autor ou contador de histórias precisa de feedback, alguém que lhe forneça uma critica séria e honesta sobre seus escritos. O exemplo que ele usou: “Se você escreve algo e pede pra um parente ou amigo ler e ele lhe retorna algo do tipo: “Que lindo!”, “Gostei!”, “Maravilhoso!”, este tipo de comentário tem valor, mas não lhe ajuda a evoluir como autor. Seria já bem diferente se a pessoa que lê o seu texto pudesse dizer algo do tipo: ‘Ei, esse personagem começa assim, assado e lá na frente ele faz isso ou aquilo, o que foge completamente da descrição que você deu no início.’ ”Ah, aí é bem diferente, não? O próprio autor começa a se tornar consciente das falhas de seu texto, melhorar aqui, arrumar acolá até encontrar a coesão que uma boa história requer para cativar o leitor.
Sim, eu já sei... Se você quer uma leitura técnica, disponha-se a pagar por ela. Mas isso se aplica a um manuscrito longo, já bem trabalhado, quase num ponto em que se diria estar bom para enviar para uma editora ou agente literário. O problema é que, para o autor iniciante às vezes o caminho entre os primeiros rascunhos e a versão-beta do manuscrito - que será enviado para tentar convencer uma editora a publicá-lo -, ah, esse caminho pode ser bem longo, cheio de pedras e desvios. E gerar muitas frustrações.
Eu acho que exatamente para acompanhar o iniciante nesse caminho é que existem sites como o Recanto das Letras. Estou enganada? Seria eu muito ingênua ainda neste mundo literário? Sim, eu sei que aqui há autores com as mais diferentes propostas e objetivos, mas não seria difícil encontrar uns dois ou três que pensem o mesmo que eu, expressado neste texto. Esse escritor do vídeo – o nome dele não foi divulgado, por isso não sei de quem se trata -, também avisa: quem quer ser escritor convencional, desses que sonham em ter um livro publicado por uma editora de renome, as primeiras expressões que tem que aprender a lidar com são “Não!” e “Persista!”.
Ter um livro publicado por uma grande editora ainda não faz parte dos meus projetos concretos. Por isso mesmo disponibilizo meus textos em formato simples, PDF, para que possam ser baixados como E-Livro, e de graça. Sim, eu não dependo do que escrevo para sobreviver, posso me dar a esse luxo, digamos, de escrever só por prazer.
Por outro lado, tenho sede de melhorar, de enveredar por novos caminhos, de encontrar outras formas de brincadeiras com palavras que me motivem e excitem. Nesse meio tempo consolidei a idéia de que escrevo porque tenho que escrever. Não há um só dia que eu não escreva alguma coisa, embora somente algumas poucas dessas coisas passam pelo meu filtro “pode ser publicado”. É uma aventura deliciosa. A criação literária, escrever simplesmente, é algo que produz muito prazer e bem-estar. Saber que alguém gosta do que escreve é talvez a maior recompensa para um escritor.
Pensando em novos desafios, escrevo esse texto para dizer que estou à caça de pessoas que pensem como eu e desejem fazer parte de um tipo de Clube da Lupa.
Clube da Lupa? O que é isso? Muito simples! Penso em formar um grupo pequeno – grupos maiores do que cinco ou seis pessoas podem dificultar a dinâmica da idéia – e promover um tipo de discussão “ponto-a-ponto”. Funciona assim, a cada rodada escolhe-se um moderador. A esse moderador, cada membro envia um texto de sua autoria. O moderador então forma pares de textos e os distribui (omitindo ou não o nome do autor) para que sejam “revisados”. A revisão segue critérios pré-estabelecidos, por exemplo: para cada texto três pontos positivos e três negativos tem que ser obrigatoriamente encontrados e justificados. Sempre haverá um ponto a ser criticado, em diferentes dimensões, pois eu não conheço texto perfeito.
O moderador recebe de volta então os textos comentados e os envia para os respectivos autores. Ao final da rodada, as análises gerais podem ser divulgadas ou não para o grupo, e em cada rodada elege-se um novo moderador, para que ele também possa ter seus textos revisados. Dessa forma, todos os participantes são estimulados a tecerem comentários consistentes, de modo que recebam também o mesmo, e cada participante recebe pelo menos dois pareceres.
Dessa forma, acho que se chega a uma interação mais profunda e efetiva, onde os participantes só têm a ganhar. Quem tiver interesse em participar, ou quiser mais detalhes, entre em contato comigo via E-mail. Todas as interações deverão ocorrer via E-mail. Os requisitos para participar do grupo são vontade de escrever, aprender e cooperar e ter tempo disponível para as revisões de pelos menos dois textos por rodada.
E aí, tá afim de participar do Clube da Lupa? Entre em contato e vamos amadurecer esta idéia.
Um abraço fraterno :-)