MUDANÇA
Hoje acordei meio descontente comigo mesmo, meio tonto, fadigado de pensamento, não consegui encarar minha imagem no espelho. Enrolei-me no lençol, e dormi novamente. Ao acordar já era tarde, e o sol já havia se escondido. Por alguns minutos fiquei a observar da janela do quarto o fantástico céu, porém, não o via como antes. O céu não me chamou atenção, pois estava embaçado e de um profundo escuro muito temeroso. Caminhei até a porta de saída, ameacei fugir, mas o medo me fez voltar, e então, deitei-me novamente a esperar pelo dia seguinte.
O dia amanhece e o sol radiante invade meu quarto. Sinto o calor da cama, percebo que hoje será diferente. Vou até o banheiro calculando os passos, e debruço-me sobre a pia. Lavo a face sentindo que a água refresca minha alma. Por instinto, vou até o jardim, sou surpreendido pela natureza, pelo equilíbrio das plantas e dos animais visitantes. O pensamento me apresenta o dia de ontem, e reflito diante do que vejo. Ao visualizar a casa, observo a poeira que embaçava o céu consumando toda a vidraça. E nisso, o telhado precisando de reparos, as paredes desgastadas pelo tempo a pedir nova tinta. Estou consciente da necessidade de mudança, dos detalhes que deixaram de ser importantes. Por muito, tranquei-me no lamento, apenas na esperança que as coisas deveriam ser melhores, mas esqueci de melhorar o meu mundo, corrigir meus defeitos e participar com a certeza de que tudo pode ser diferente, quando várias pessoas se fazem capazes de enxergar o mesmo horizonte, a começar por si mesmo.
Betim, 24 de abril de 2006.