NA PALAVRA É QUE VOU... * Caminheiro

Aquando do nascimento, trazemos uma única certeza -- a de que iremos morrer. Só não sabemos o quando, o onde, o como iremos morrer.

Com maiores ou menores vicissitudes,iremos vivendo, vivendo, vivendo...

Os mais inquietos de nós se alongarão pelas distâncias, reclamando toda a Geografia e toda a Humanidade. Desta inquietação surgiram os aventureiros, os mareantes, os exploradores, etc.

Nasci em Portugal, há muitos anos, num modesto município da Região do Alentejo. A minha adolescência vivi-a no sonho de ingressar na Marinha Portuguesa logo que a Pátria chamasse mais este mancebo para o cumprimento do Serviço Militar Obrigatório. O fascínio era enorme! A desilusão foi de igual tamanho! Doente, com a famigerada gripe asiática, não compareci ao exame aprazado; mais tarde, quando pôde ser, compareci, mas já me foi recusada a possibilidade de escolher o serviço militar da minha preferência.

A aventura da Internet ainda chegou a tempo de proporcionar um pouco de satisfação à minha inquietação. Confiante, entrei neste mundo. Sofri decepções, fui incompreendido por alguns, ganhei amizades, fui e sou viandante, ainda que no ocaso da vida.

Sempre me reclamei de todos os lugares e irmão de todas as gentes. Aprendi com o Poeta José Duro, alentejano como eu, falecido em 1899, aos 26 anos de idade, que "o ouro de um palácio é a fome de um casebre". Exactamente por tudo isto, sempre estive do lado dos deserdados e sempre tentei, além da acção cívica, dar aos meus versos a possível dimensão definida exemplarmente pelo Poeta Espanhol Gabriel Celaya: "A poesia é uma arma carregada de futuro!"

Bem-hajam!

Viana do Alentejo * Évora * Portugal

30 de Maio de 2006.

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 30/05/2006
Reeditado em 28/12/2018
Código do texto: T166080
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