Uma simples Sinfonia

Por escrever uma "simples" Sinfonia, fui qualificado como um monstro!

"Vamos lembrar o que está escrito: Spiritus ubi vult spirat."

"Não é preciso dizer-lhes que o que se denomina estilo de uma época resulta de uma combinação de estilos individuais, uma combinação dominada pelos métodos dos compositores que exerceram influência preponderante em seu tempo.

(...) É possível dizer que os mestres, superando em toda a sua grandeza a generalidade de seus contemporâneos, irradiaram os raios de seu gênio bem para além de sua própria época. Desse modo, são como poderosos faróis, para usar a expressão de Baudelaire, a cuja luz e calor desenvolve-se uma soma de tedências que serão partilhadas pela maioria de seus sucessores, e que contribuem para formar a parcela de tradições que geram uma cultura.

(...) O capricho individual e a anarquia intelectual, que tendem a controlar o mundo em que vivemos, isolam o artista de seus companheiros de ofício e o condenam a aparecer como um monstro aos olhos do público; um monstro de originalidade, inventor de sua própria linguagem, de seu próprio vocabulário, do instrumental de sua arte. O uso de materiais já utilizados e de formas estabelecidas lhe é, em geral proibidos. E assim ele chega ao ponto de falar um idioma sem relação com o mundo que irá ouvi-lo. Sua arte torna-se realmente única, no sentido em que é incomunicável, fechada por todos os lados. O bloco errático já não é uma curiosidade que funciona como uma exceção; passa a ser o único modelo oferecido aos neófitos para emulação.

A aparição de uma série de tendências anárquicas, incompatíveis e contraditórias no terreno da história, corresponde a essa completa ruptura com a tradição. (...) Querendo ou não, o artista contemporâneo é absorvido por essa maquinação infernal. Há almas simples que se alegram com esse estado de coisas. Há criminosos que o aprovam. Só uns poucos ficam horrorizados com uma solidão que os obriga a se voltar para si mesmos, quando tudo os convidaria a participar da vida social.

A universalidade cujos benefícios vamos gradualmente perdendo, é uma coisa inteiramente diferente do cosmo-politismo que vai se apossando de nós. A universalidade pressupõe a fecundidade de uma cultura que se espalha e se comunica por toda parte, enquanto o cosmopolitismo não oferece nem ação nem doutrina, e leva à passividade indiferente de um ecletismo estéril.

A universalidade necessariamente pressupõe a submissão a uma ordem estabelecida. E suas razões para esse pressuposto são convincentes. Aceitamos essa ordem por simpatia ou prudência. Em qualquer caso, os benefícios da submissão não tardam em aparecer."

(Igor Stravinsky)

"Os maus músicos não podem ouvir o que tocam; os medíocres poderiam ouvir, mas não escutam; os músicos medianos ouvem o que tocaram; apenas os bons músicos ouvem o que irão tocar.

E... os artistas ouvem como irão tocar ou cantar aquilo que ouvem interiormente." (Edgard Willems)

Pacco
Enviado por Pacco em 19/06/2009
Reeditado em 16/09/2010
Código do texto: T1657446
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