NÃO EXISTE BECO SEM SAIDA
Foi quando direita e esquerda, frente e costas da estrada da minha vida estavam bloqueadas, é que pude atinar com uma inusitada opção. É gente! Podia voar! O que equivale dizer, que podia crescer, podia subir; em síntese, podia me desfazer da minha velha e inútil camisa de força. Percebí aí, e muito claramente, que havia me convertido no meu maior inimigo. Só a iminência de um naufrágio, que obrigou-me a jogar minhas tranqueiras fora, fiquei leve, e livre, e então pude subir. A brisa marinha da sintonia cósmica entrou em minha mente como se fosse um poderoso mapa, um dedo indicador, uma agulha de bússola. Aí pedras, peixes e água, já não eram mais empecilhos, eram meus parceiros.
No momento em que eu soube, com certeza, que estava,desculpem-me a redudância, em minha própria casa, e que alí tudo, mas tudo mesmo, contribuia para me facilitar a vida minha e de todos quantos comigo neste planeta habitam. Aí viver ficou manso e gostoso.
O mais importante é que algo prático aconteceu em minha vida: fiz novos cursos, ousei novas empreitadas e comecei a perceber muitas pessoas sendo iluminadas por um novo amanhecer. Vou me permitir contar a história do Antonio Laurindo, um senhor de setenta e cinco anos, que tem uma carroça de vender verduras, ovos e frutas, e cria uns porquinhos num chiqueiro que a minha irmã o cedeu, em sua fazenda. O interessante, e que este senhor, depois de muito esforçar, e com esta idade e o que mais o prejudicava eram suas pernas muito curtas, mas mesmo assim ele acabou aprendendo andar de bicicleta; o que facilitou muito a sua vida.