Os velhos companheiros de estrada
No fim de tudo somos só nós dois, os velhos companheiros de estrada, enxugando as lágrimas um do outro, fazendo do outro o espelho de si mesmo, medindo nossas emoções.
Essa velha estrada em que passamos, sem deixar pegadas, sem que as lágrimas que choramos deixem marcas, continua até mais além. O passado se perdeu na voragem dos anos, o futuro é incerto e nebuloso, dizem os videntes, só temos então o presente e essa realidade que nos encerra.
As nossa construções conjuntas estão lá atrás, outros nelas habitam como antigamente nelas habitamos nós. Hoje temos bem menos fortificações e menos canhões, talvez por que já fizemos as pazes com os inimigos e a guerra, os combates sangrentos já não nos tentem.
Somos pacíficos agora, caminhamos ambos pela estrada sem enxergar-lhe o fim ou o não. Vivemos somente, sob o sol e sob a chuva, lavando os mundos com as nossas lágrimas que choro eu, por mim e por você.