MENSAGEM PROFERIDA DURANTE O LANÇAMENTO DA OBRA EFEMÉRIDES SERGIPANAS, ORGANIZADA POR ANA M. FONSECA MEDINA

Excelentíssimo Senhor, Governador do Estado de Sergipe, Marcelo Déda, em nome de quem faço a minha saudação a todas as autoridades aqui presentes.

Minhas senhoras

Meus senhores

O objetivo deste pronunciamento é o de atender à gentileza da autora de A Ponte do Imperador e de Cartas de Hermes Fontes, angústia e ternura, Ana Maria Fonseca Medina, que demonstra uma atitude de prestígio ao meu trabalho de revisão do texto epifaniano.

Os objetivos que estabeleci ao receber a missão foram os de delimitar critérios apropriados para a revisão de um texto monumento-histórico; refletir sobre a sociedade e a época em que as crônicas de Epifânio foram escritas, buscando o mais possível a fidelidade ao autor e aos documentos por ele apresentados, suas intenções e obra; criar um padrão estético para a apresentação formal das Efemérides Sergipanas, possibilitando, dessa forma, a leitura por diversos tipos de leitores: do estudante do Ensino Fundamental ao mais exigente pesquisador.

Desnecessário justificar uma revisão de textos, tendo em vista que não existe escrita perfeita e o escritor sabe da necessidade imperiosa de outros olhares e perspectivas. Há, inclusive, relatos de renomados autores que afirmam, após terminar a obra, sentirem ganas de rasgá-la tão insignificante a consideraram.

Para lançar as minhas mãos sobre as efemérides adotei por método reunir mentalmente todas as lições e leituras sobre cuidados a serem dispensados à língua. Li e reli as crônicas, perdendo-me inúmeras vezes do roteiro da revisão, pois tomada o fôlego pelo envolvente estilo de Epifânio Dória. Quando consegui dominar a emoção das narrativas desenvolvidas magistralmente pelo cronista _ o que foi difícil _ resolvi movimentar o mouse e também a caneta, para cometer um desatino, quase um sacrilégio: ajustar a escrita desse intelectual. Mas, convém ressaltar, principalmente pelas condições nas quais trabalhavam os jornais à época em que publicavam as crônicas-pesquisa de um sergipano merecedor do adjetivo eminente. E pelo estado lastimável de muitos dos exemplares batidos pelo tempo impiedoso.

Quantas vezes tive que retornar! Quantas vezes me senti em conflito! Quantas vezes conversei com Epifânio ao longo das madrugadas! Carreguei Epifânio para a Europa, e de lá, enviava e-mails a Ana Medina dando notícias de nosso passeio. Nós dois nos esquecemos de prestar atenção em pontos, vírgulas e acentos. Sei que ele foi me ensinando, falando baixinho ao meu ouvido como queria que ficasse seu texto. E eu obedeci.

Quem olhar para esta obra (faça o favor de abrir algumas páginas) vai notar uma divisão de águas. Temos bem nítidas as águas da literatura, do texto literário, da crônica. E temos as águas dos afluentes, das citações, dos documentos, de todas as informações obtidas pelo cronista-historiador, um mestre em busca febril de informações precisas. Assim, levo em conta que satisfeitos estarão os mais empenhados e severos habitantes da comunidade intelectual.

Na etapa final algumas vozes questionavam a Nova Reforma Ortográfica. Esta só foi contemplada nos textos pré e pós-textuais. Epifânio está, literalmente, acima dessa discussão. Quis e respeitei o texto epifaniano como se deve fazer com obras sacras. Nesse caso, a sagrada arte da palavra.

Depois, vi, no auge da emoção de um trabalho efetivado, Epifânio Dória da Fonseca e Meneses perfilado à minha frente, durante a leitura de algumas páginas, feita por Ana Medina em recentes sessões da Academia Sergipana de Letras. Nesse momento eu tive certeza de que há verdadeiramente, “muito mais coisas entre o céu e a terra do que possa imaginar nossa vã filosofia.”

O estilo de Epifânio fascina, envolve, apaixona. Estou perdidamente apaixonada pelas narrativas lidas e pelo absoluto cuidado do cronista, historiador e jornalista hoje, finalmente, produzido para esta ocasião incomum.

Parabéns à pesquisadora e querida amiga, Ana Medina, ao Estado de Sergipe, à cultura e a todos os responsáveis por uma realização deste porte.

Muito obrigada, Ana Medina, por haver confiado a mim o seu filho literário.