Nau errante

  És bela, és forte, impávido colosso,

  teus filhos já não sentem a grandeza,

  há muito que sofrem, que clamam,

  com tristeza,

  por justiça,

  por comida,

  por moradia,

  por educação,

  por digna vida,

  decência,

  novos horizontes.

 Um povo heróico, o brado, não ouvido,

 só gemidos,

 no calar da noite.

 Verás que um filho teu não foge à luta,

 mas se já nascem derrotados ?

 pobres coitados...

 O teu formoso céu risonho e límpido,

 se derrama em lágrimas,

 pela canalhice,

 a bandidagem,

  a mesmice,

  a roubalheira,

  a violência,

  a injustiça,

  a indiferença...

  Já não há mais crença,

  nos comandantes da pátria,

  poderosos comerciantes,

  vendilhões deste rincão.

  Traficantes,

  assassinos,

  assaltantes,

  poltrões...

  Pobre povo varonil,

 pátria desolada,

 conspurcada,

 abandonada,

 B R A S I L  !