A MÃO DA REALIDADE

“Boa tarde, querido poeta. Realmente a maturidade nos faz ser mais pacientes e menos passionais. Eu, vivendo este momento "maturidade", procuro ainda agir (não sei se é bom) com certa inconsequência, pode ser uma fuga, pois não é fácil envelhecer. Busco em mim todos os vestígios que restaram de minha juventude. Mas com certeza absoluta seu texto é perfeito. Vou estudá-lo com calma, quem sabe pode me ajudar, não é? Quem sabe "meus fogos" podem diminuir. Beijos, meu querido Poeta.”

Enviado por Elaine, em 09/04/2009, 13h42min.

– para o texto: MATURIDADE E SEUS FOGOS (T1524922)

http://recantodasletras.uol.com.br/mensagens/1524922

Obrigado por tua intervenção sobre o texto, que compõe um verdadeiro “intertexto”, com aparente literariedade. Está perfeito. A criação veste como uma luva o plano da realidade.

Fico feliz que tenhas respondido com tamanha sinceridade e franqueza. Gosto deste “feeling” do real. Acho que – pelo que observo – te conheces bastante bem e estás queimando teus derradeiros cartuchos de sedução. Pelas fotos orkutianas tu aparentas forte jovialidade... Percebo que te fissuras com imagens de fêmeas muito belas e gozando das intrigas da sedução, a ponto de ofuscarem a tua própria imagem.

A rigor, quando chegam os teus recados, fico babando meus também derradeiros (e acho que permanentes...) fogos de corpo. Mas, o que fazer? A gente vai morrer de cisma! Em alguns textos de minha plácida obra já examinei a psicologia dos sexagenários quanto à eroticidade. Em nada diferimos dos jovens, porque neste foco o que comanda a psique é a contemplação estética.

Não me agrada muito o resultado estético da conjunção de texto e imagem – nos redutos internéticos – porque o escrito dificilmente congemina-se bem à figura. Enfim, acaba interferindo erroneamente na imagem, ou vice-versa. O texto e/ou a imagem restam prejudicados. E, como me considero agente/amante da lavratura da palavra, perco a atenção e me disperso da necessária concentração sobre o conteúdo do texto – que naturalmente deve ser o foco peculiar do criador literário.

Que venham sempre os “fogos”, a conta-gotas, porque esta me parece ser a mais denunciadora razão de que somos animaizinhos de estimação.

E o Belo, na criatura humana é visceral em qualquer idade. Pureza crística, placidez frente ao corpo formoso, por certo, não é qualidade para humanos.

– Do livro O HÁLITO DAS PALAVRAS, 2006/2012.

http://recantodasletras.uol.com.br/mensagens/1530888