Açombração grobarizada

Açombração grobarizada

Airam Ribeiro

Crescí mamãe min falano

Dum ta de saci pererê

Nisso eu ia cuxilano

Cum medo num sei pruquê.

“Dromi meu fio quirido

Qui a cuca vem pegá

Mamãe vai pra róça

E seu pai vorta já.”

Seu pai foi trabaiá

Todo xêi de cunfiança

Nun vortô pruquê será

Só ficô dele a lembrança.

Mamãe tinha lá um gato

Como sufria o bixinho ali

O sufrimento já era fato

Mamãe atirava o pau no bixin.

E ancim na minha inocênça

Iscuitano ele gemê... miau

Topo no presente as violênça

In todo canto cô vô nas capitau.

A mula sem cabeça, o lubizomi

E u’a ta de arma penada

Das históra presente num some

Elas ta in toda istrada.

As violênça ta no qui cê vai cantano

Nas vontadi de fazê os fio drumí

Os trauma nas criança vai ficano

Pur isso tem muitas duente pur aí.

Hoje eu já sô um ômi sem isperança

Qui ta veno inda as assombração

Ao contrário agora é as criança

Min assombrano cum arma na mão.

A cuca agora é o bandido

Mula sem cabeça é a violênça

Tamos viveno de medo, temido

Gritano arto pidino clemênça.

Veno pur aí o cravo brigá cum a rosa

Nas nuvela, nas artista da tulevisão

Nas brigança u’a delas sai pomposa

É a violênça na TV!... É a interação!

Aquelis zome bomba do oriente

São nossas presente assombração

Qui vêi ca pro nosso ocidente

Na tão falada da grobarização.

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 20/02/2009
Reeditado em 20/02/2009
Código do texto: T1448898