Açombração grobarizada
Açombração grobarizada
Airam Ribeiro
Crescí mamãe min falano
Dum ta de saci pererê
Nisso eu ia cuxilano
Cum medo num sei pruquê.
“Dromi meu fio quirido
Qui a cuca vem pegá
Mamãe vai pra róça
E seu pai vorta já.”
Seu pai foi trabaiá
Todo xêi de cunfiança
Nun vortô pruquê será
Só ficô dele a lembrança.
Mamãe tinha lá um gato
Como sufria o bixinho ali
O sufrimento já era fato
Mamãe atirava o pau no bixin.
E ancim na minha inocênça
Iscuitano ele gemê... miau
Topo no presente as violênça
In todo canto cô vô nas capitau.
A mula sem cabeça, o lubizomi
E u’a ta de arma penada
Das históra presente num some
Elas ta in toda istrada.
As violênça ta no qui cê vai cantano
Nas vontadi de fazê os fio drumí
Os trauma nas criança vai ficano
Pur isso tem muitas duente pur aí.
Hoje eu já sô um ômi sem isperança
Qui ta veno inda as assombração
Ao contrário agora é as criança
Min assombrano cum arma na mão.
A cuca agora é o bandido
Mula sem cabeça é a violênça
Tamos viveno de medo, temido
Gritano arto pidino clemênça.
Veno pur aí o cravo brigá cum a rosa
Nas nuvela, nas artista da tulevisão
Nas brigança u’a delas sai pomposa
É a violênça na TV!... É a interação!
Aquelis zome bomba do oriente
São nossas presente assombração
Qui vêi ca pro nosso ocidente
Na tão falada da grobarização.