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     Jovem: pediste-me uma opinião, pois ei-la:
    Teus trabalhos até estão inspirados, mas não elaborados literariamente.  Palavras apenas, e não luzes à nossa espera num caminho desconhecido, em auxílio à lúgubre jornada. Reescreve-os, apropriando-te dos mais oportunos, sensíveis, maviosos, cruéis e devastadores vocábulos errantes...

      Nada contra ti, porém tudo a favor da boa literatura...

   Vejo teus poemas como simples prosa metrificada, possuindo momentos de rarefeita, razoável e avara poesia --- sem alcançar entretanto o encantamento inexcedível do transporte lírico perfeito.

    Quanto à abordagem temática, foste bem e longe: tuas indagações, posto que pessoais --- ou talvez por isto, por esta intimidade partilhada ---, tuas indagações, repito, fazem o leitor refletir, medir-se, questionar-se, comparar as expectativas terrenas dele com as tuas.

   Esse fundamento filosófico da Literatura, e logicamente da tua literatura, é o que nos resgata, restaura e dignifica como receptores.

   Teus versos: flores sem dúvida solitárias, a que concedes um coração e uma alma, outorgando-lhes também uma personalidade sensível, desejosa das coisas cálidas, luminosas, e ansiosas por afetos, esses imprescindíveis laços que nos suavizam, conduzem e consolam.
 
   Bem construídos, neles a métrica e a rima se estabilizam, engrandecendo os enigmas e solenizando os enunciados...


 
Enviado por Jô do Recanto das Letras em 08/02/2009
Reeditado em 24/07/2013
Código do texto: T1428677
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