CONFIDÊNCIAS ... BIOGRÁFICAS? (93): Chuva [haikais]

Bishopiana publica no RdL (04/02/2009.- T1421297) um indriso cujo título é «Chuva». Ouso comentá-lo (desculpe-me a poeta), porque gostei imenso dele:

Pingos que amaciam

Águas que delimitam

Sentidos aguçados

Formas em gotas

Lava alma em liberdade

Fluvial sentir em versos

Abraça-me no calor-frio em gotas

Muitas são, lavando-me em alma

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No texto a poeta exprime como impressões quase pictóricas os sentimentos que a chuva suscita nela.

As palavras plenas ou lexicais delineiam a mensagem do poema e, dentre elas, as nominais, por um lado, e as verbais, por outro: "Pingos"; "águas"; "sentidos", aguçados"; "gotas"... /// "amaciam", "delimitam", "lava"...

Seja como for, segundo era previsível (mas não tanto), predominam as unidades semanticamente ligadas a "água". Porém, o verbo "abraçar", que vale referir ao substantivo "alma" e ao particípio-adjetivo "aguçados", transmite ao poema sentido inesperado, radicalmente humano, manifesto no substantivo "liberdade".

Já disse: Gostei do indriso, que livremente "desfaço" em vários haikais:

Chuva meiga e suave:

Batismo de amores leves:

Lava-me alma e corpo...

Afagam-me a pele:

Dedos fluviais diminutos:

Carinhos aquosos...

Gota a gota sinto:

Aguçada liberdade:

Humano ditoso...