SEJA LIVRE!

Sou livre, na liberdade que Cristo me concedeu. Sou livre para concordar e discordar; para aceitar e repudiar; para rir e chorar..., livre para viver com a consciência que é minha, dada pelo Pai, em concordância com o fluir do Espírito em mim. A prisão da religião e as cadeias da “igreja” têm sufocado muita gente boa de Deus.

Viver em fé, como manda a Palavra, é viver absorvido pela Graça que não enxerga no homem o seu proceder, mas apenas se derrama sobre ele como favor imerecido. Quando isso acontece, o Espírito nos invade, sendo Ele próprio o mentor das mudanças que confiadamente realizaremos a partir de então. Se tivermos o Espírito Santo como Guia, Jesus como Senhor, e Deus como Pai, a quem mais precisaremos recorrer para ter certeza de que nossas atitudes são bem vistas por eles? E se não são bem vistas, como duvidar de que o próprio Espírito nos advertirá quanto ao mal que estivermos cometendo? Ter essa certeza é ser livre para viver o melhor de Deus para nós. Foi o próprio Jesus quem disse que se pretendemos agradar a Deus, cumpre obedecer a sua vontade, e o maior dos mandamentos está justamente em pincelar tudo que fazemos com o mais puro e genuíno amor dado pelo Pai. Sem amor, nada se aproveita! No amor há liberdade!

Quanta confusão meu Deus! Quanta negação fajuta tomada em nome de Deus, enquanto o camelo vai descendo goela abaixo. Além de toda essa presença divina nos envolvendo, como mencionado acima, nós ainda contamos com a revelação das escrituras, quando lida sem pretensões maiores do que está posto, para nos ajudar a enxergar o mundo, a enxergar o nosso umbigo, e a enxergar Deus. Tudo para não nos tornarmos “justiça própria”, para não imaginarmos que pelo muito esforço obteremos a redenção.

Tenho visto alguns procedimentos de “gente crente”, que realmente me entristecem. Recentemente soube de um crente, de uma das igrejas mais conhecidas no Brasil, que sofre desse mal já relatado. Casado, com três filhos, vivendo em situação bastante humilde (utilizando-me desse atenuante, para não dizer que vive na pobreza); este irmão não aceita que a sua esposa faça a cirurgia para ligar as trompas, com o intuito de não mais vir a ter filhos. Apesar de não desejar mais filhos, para ele, fazer tal coisa é como cometer pecado de morte. Quando interrogado sobre o porquê de pensar assim, simplesmente disse: “Enchei a terra! Ordem de Deus!”. Isso é que é tomar um texto, fora do contexto e fazer dele pretexto para uma maluquice dessas. Encontrei esse mesmo irmão tempos antes dessa declaração, dizendo que ia matar as galinhas de um velhinho, que é seu vizinho, se elas entrassem mais uma vez no seu terreno para sujar tudo por lá. Como esse irmão tem muita gente por aí.

Um outro dia ouvi alguém dizer que o jovem cristão só pode dançar e se alegrar, quando é na presença do Senhor (dentro da “igreja”), e como manifestação da sua adoração a Deus. Para quem entende que sua vida é fruto do amor incondicional de Deus pelo homem, e tem essa declaração cravada em seu coração para dirigir a sua conduta diária, tudo é adoração! Uma simples caminhada ao fim da tarde, uma despretensiosa conversa entre amigos, no degustar de um bom vinho, em sentir as ondas baterem nas suas canelas, ao sentir a geada chegar, no toque carinhoso de um grande amor, em se perceber vivo! Tudo pra estes se transforma em adoração, porque em tudo reconhecem a natureza das coisas criadas. Sendo assim, apesar de não estarem diante de um cantor “gospel”, de não estarem em algum culto evangélico, ou ainda de não estarem sentido “sensações” espirituais que os façam grudar na parede ou rolar no chão; eles se alegram nas formas mais naturais da vida. Posso ouvir uma boa música (independente de ser “gospel” ou não) e me alegrar com ela, posso ver uma cena engraçada e cair na gargalhada, posso sentir o vento na cara a 100 por hora e soltar aquela cara de contente, posso comer uma suculenta costela no bafo e sorrir quietinho no meu canto, posso cheirar o aroma do meu amor e nele me deleitar. Quando eu adoro, Deus se alegra; e quando eu me alegro, estou adorando. Em todos os sentidos, eu me alegro. Quem tenta podar a alegria de um jovem que tem em Jesus o seu tesouro, retira dele a liberdade que o próprio Cristo concedeu. Foi para liberdade que Cristo nos libertou, não para sermos oprimidos por procedimentos religiosos. O jovem que pretende viver essa alegria em Cristo deve ler a palavra da verdade, a palavra que liberta, da forma menos “teologizada” quanto possível. Deixar que o próprio Espírito seja o seu tutor, sem maiores interpretações; “hermeneutizando” mesmo desconhecendo a hermenêutica.

Como é bom viver assim, sem procedimentos fixos e intransferíveis, e mesmo assim proceder corretamente; sem regras de conduta pré-estabelecidas, e mesmo assim não me tornar um arruaceiro da fé; sem repetições cansativas, e mesmo assim ser ouvido; sem ser perfeito, e mesmo assim encontrar em Jesus a salvação. Para quem crê que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, e que há um só Deus e um só Senhor; sabem que o alimento, o som, a dança, a bebida, o cigarro, ou qualquer outra prática desse mundo, não são um mal em si mesmos, nem santificam e nem amaldiçoam ninguém. O que santifica é a palavra e o que causa maldição é aquilo que sai da nossa boca. O alimento em excesso pode lhe causar mal-estar, um som ruim pode lhe deixar depressivo, a dança acompanhada de sensualidade pode trazer más companhias, a bebida pode destruir com seu fígado, e o cigarro no mínimo vai acabar com seus pulmões. Isso tudo faz muito mal para o seu corpo. E é claro que procedimentos como esses sempre acabam rebatendo na alma dos praticantes, e também por isso devem ser abandonados no decorrer do caminho. Se há alguém que já aceitou a Cristo, mas ainda não abandonou certas práticas, não deve ser tratado como um estranho, um separado, um condenado ao inferno. Viciado que deseja verdadeiramente ser liberto do vício, para Deus já está liberto.

Para quem duvida do que está escrito aqui, é só ler alguns trechos da palavra e tirar suas próprias conclusões: Romanos 14; 1 Coríntios 8; Gálatas 5; Colossenses 2. Que ninguém se deixe escravizar, mesmo por pretextos religiosos. Quando o apóstolo Paulo alerta sobre isso, não fala de procedimentos da “carne”, mas de procedimentos da religião que dominavam aquelas sociedades. Seja livre como a águia, e voe mais alto do que qualquer algoz possa te alcançar; no pico estabeleça o seu ninho, e sinta o criador logo acima.