CONFIDÊNCIAS ... BIOGRÁFICAS? (62): Estou tão só... Tão cansada...

karla geane publica no RdL (25/01/2009.- T1403486) o poema, amostra do sentimento de "solidão", que intitula «Estou tão só...Tão cansada...»:

Estou tão só...

E sempre tão cercada de gente, de palavras, de beijos e carinhos...

Estou tão só...

E sempre tenho alguém do meu lado...

Me sinto tão sozinha no mundo,

mas sei que existem tantas milhares de pessoas nele...

Sei onde estou, mas me sinto tão perdida...

Sei quem sou, mas tento me encontrar o tempo todo...

Sei onde ir, mas nunca chego...

Estou cansada e só...

Procurando o que não sei o que é...

Esperando algo que não sei o que é...

Desejando algo que não sei se quero...

Estou tão só...

Por dentro...

Dentro da alma, do coração, algo sem explicação...

Estou tão cansada de sorrir o dia inteiro,

Para pessoas que nem sabem o que sinto,

Não fazem idéia do que se passa no meu intimo...

Vai vê eu nunca as contei...

Contar para quê?

Nada elas podem fazer...

Estou tão, tão só...

Tão cansada...

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Leio o poema, releio-o e não posso não concluir que o sentimento exprimido nele é o que parece invadir as atitudes e atividades de muitas pessoas, pelo menos ocasionalmente.

Não vou ser pretensioso: Eu, falo por mim, estou muitas vezes só, sinto-me quase afogar na soidade, na soledade, na solidão, na saudade...

E não sei bem nem de quê nem de quem nem por que nem...

Contar... o quê? Se nem eu sei bem o que me acontece, como poderei contar a ninguém ... a minha ignorância de mim?

E, sim, acabo ... ou começo cansado: Não gosto de mim, mas não gosto do mundo que me obriga a ser o que sou e, contudo, não tenho remédio... Devo ser necessitadamente o que sou, o que me fizeram, o que fui fazendo-me como eco ou reação ao que os outros e as circunstâncias me obrigavam a ser, a agir... e a não agir.

Uma vezes reajo com poemas... de amor. Porque amo, certo, mas a quem posso dirigi-los de modo que me entenda, que me compreenda, que me abrace todo, como a balão ingénuo e simples que por si tende ao alto, mas que no alto acha inexoravelmente a sua desfeita*... E quero que me retenha, que me amime, mas... a pessoa que quero acha-se na mesma situação... Como um balão pode reter outro balão de modo que ambos se livrem de estourar, de arrebentarem, de explodir e definhar-se entre as nuvens?

Em regra escondo-me de mim trás as minhas obras, que estimo importantes, interessantes se não hoje, amanhã, no futuro... E imagino, como aqueles renascentistas quixotescos, conquistar a fama depois de morto. Mas de que vale a fama depois de morto? Se mesmo antes de morto pouco sentido dá, depois de morto...

Cara karla, deixemos de pensar tanto e procuremos viver, só viver, ou acaso melhor conviver: É a única saída certa e satisfatória que lhe vejo ao sentimento (arreigado) de solidão que envolve e define a pessoa humana.

Ah, e riamos, sorriamos e por vezes riamos intensos, até à gargalhada... de nós mesmos e ... Há tanto risível no mundo dos humanos, macacos incônscios...

...

(*) Desfeita s. f. (1) Acto ou efeito de desfazer. (2) Ruína, destruição, derrota. (3) Confusão, desordem. (4) Tarefa de cortar o porco depois de matá-lo. (5) Comida celebrada por este motivo. (6) Terminação, final: "a desfeita da romaria"; "a desfeita da feira". (7) Ofensa, insulto. Sinóns. Desconsideração, descortesia, ultrajem.