MAL DO SÉCULO

Lá vem o caminhão velho pela estrada empoeirada

Lá vem espalhando praga, guerra, morte, perdição

Em carreira desabalada para chegar a qualquer preço

Não sabe que esta estrada não tem fim, só tem começo

Lá vem entornando carga, punhados de incompreensão

Que é pólvora para guerra, centelha prá aflição

Lá vão infantes sorrindo e correndo pela estrada

Cantando sua inocência, com voz uniformizada

Recitando a tabuada e gritando o beabá

São poços do amor mais puro, destetados inda agora

Vão ao destino comum encontrar com o caminhão

De shorts azul marinho, vão correndo sem parar

Pensam que a vida é bela e que nunca vai acabar

Até que num ponto qualquer encontram com o dito cujo

E trevas veem no caminho, ainda em plena aurora

Sai da estrada cai na grama e aprende a cheirar flora

Corre ao lado cai na beira e aprende a cheirar poeira

Chega em casa desatinado e não reconhece os pais

Começam praga, morte, guerra, sofrimento e aflição

Alguém socorra nossos filhos, por favor, informação