CONFIDÊNCIAS ... BIOGRÁFICAS? (39): Céu alaranjado...

Maria Fernandes Shu publica no RdL (14/01/2009.- T1384389) um haikai que estimo delicioso:

Céu alaranjado

Gargalhada de hiena--

sons da floresta.

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Vou fantasiar desde o quarto do meu domicílio, num sétimo andar de uma casa em que habitaremos... Nem sei... Um cento de pessoas? Está situado no meio e meio (já agora; dantes era bairro periférico) da cidade da Crunha (ou Acrunha), na Galiza, no "Reino de España".

(Disse noutra ocasião que neste reino temos rei e rainha: Não nos privamos de nada. O rei é irresponsável... Quero dizer: Não pode ser levado perante os tribunais, embora cometesse o delito que cometer... Mas deixemo-lo estar e vá ao "céu alaranjado"...)

Vou fantasiar que me acho no meio da Natureza virgem (talvez) e que aí sinto uma gargalhada inconfundível... Não é humana, embora o pareça; é apenas animal, inocente, e não dúplice, hipócrita... Há quem atribui às hienas (pobres animais que seguem e cumprem os seus instintos) a hipocrisia dos humanos, mas os humanos procedem dessarte por simples projeção das suas duplicidades... Se fôssemos singelos, sinceros, ingénuos, como deveríamos, não atribuiríamos aos animais as bestialidades que lhes atribuímos: A necedade, a estupidez, a selvajaria são atributos humanos...

Talvez por isso os humanos tendemos a suprimir as florestas: É um sintoma de sinceridade... Parece que, por fim, autoridades (competentes?) e súbditos (cidadãos?) apandamos com a realidade que nos faz desumanos... Exterminamos os pobres e inocentes animais para sermos mais nós mesmos e, ao tempo, para que não nos lembrem o que deveríamos ser e fugimos de o conseguir.

São as reflexões que me provocou o haikai de Maria Fernandes Shu. Desculpe-me o atrevimento, mas permita que lhe agradeça a sua compreensão!