CONFIDÊNCIAS ... BIOGRÁFICAS? (38): Amanhecer...

Celina Figueiredo, no RdL (14/01/2009.- T1384347) publica a trova que intitula «AMANHECER»:

Belo sol do amanhecer,

lá na praia te aguardei,

para ver acontecer

o que à noite eu desejei...

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A trova, linda e singela, induz-me a refletir sobre o que seja a contemplação e o desejo:

1.- Ante os olhos acha-se «Belo sol do amanhecer»

2.- O "eu" lírico exprime a sua espera: «lá na praia te aguardei»

3.- E lembra ou procura realizar o seu anelo: «para ver acontecer / o que à noite eu desejei.»

Não sei se imagino demais, mas entendo que a luz limpa da manhã, em que o Sol ainda acaricia e não arde, faz com que o "eu" lírico (da amada?: sim, da amada!), deitada na praia, sobre a areia, levemente umedecida, esteja à espera do "tu" lírico (o amado) na confiança de que o desejo, o anelo (antes) se verifique...

Portanto, a amada ("eu") à noite topou-se sem a companhia desejada, mas envolvida na saudade do amado ("tu") que acabará dissipada com a sua presença...

Surgirá o amado ("tu") das ondas como Apolo, imitador de Vénus, marítimo, úmido e batedor? Talvez... Este comentador ousado, pelo menos, imagina-o, como imagina a cena imediata, o acontecimento dos corpos saibrosos, saborosos, doces e salgados, brandos sob o laços sublimes do amor em ação...

Não sei, mas imaginei invejoso, como Zeus, desde o seu trono olímpico, mas sem a capacidade de seduzir nem a Leda nem a Europa. Fiquem, portanto, tranquilos os amantes ("eu" e "tu") e continuem a cerimónia dos carinhos encarnados...