AS MIL FACES DA PARALISIA
COM certeza,você,como eu,conhece alguém que só vive doente;é a enxaqueca de todo dia,é o mal estar,são os nervos,é a fadiga.
A gente fala,coitada de Fulano,mas,será que Fulano merece mesmo dó?ou apenas está nos usando,querendo despertar a nossa piedade,como uma espécie de compensação?Muitas vezes,principalmente no meio familiar,estas pessoas próximas a nós,usam este subterfúgio para exercerem um domínio sobre nossa vida e nossos desejos.Uma forma pouco saudável de pressão.Incluo nisto,os famosos “desejos” das grávidas.Desejo este que tem que ser satisfeito de qualquer maneira,pois uma lei não escrita estabelece que,o marido tem que se virar e trazer seja madrugada ou alta noite,aquele picolé de cajá da sorveteria tal,mesmo que não seja tempo de cajá e mesmo que a tal sorveteria fique no Itaim-Bibi e o pobre marido more em Carapicuiba.
Infelizmente,conheci muitos casos semelhantes ,de domínio pela doçura e pelos cuidados;como aquela adorável senhora que sofria palpitações terríveis,todas as vezes que a filha quarentona ia jantar com o namorado.Vivendo juntas, a mãe,inconscientemente,não desejava o casamento,temendo ser posta de escanteio;esta foi uma forma de pressão que encontrou para que a moça ,boa filha e temente a Deus e á sociedade,desistisse das bodas e fosse infeliz para sempre;morreu antes da mãe e a boa senhora ainda viveu sete anos numa elegante casa de idosos,aparentemente sem nenhuma doença cardíaca.
Aquela moça,como muitas outras,deixou-se dominar pela paralisia,pelo medo de enfrentar a vida e lutar pelos seus sonhos.Ela se eximiu de fazer a escolha pela felicidade.
Talvez você também pense que o “sacrifício”de si mesma seja uma maneira de provar aos outros que você é uma pessoa superior,dedicada aos outros,solidaria.Nem tanto ao mar,nem tanto á terra.Nosso objetivo é ser feliz,portanto lutemos pelos nossos sonhos.
Também pode acontecer do nosso altruísmo ser uma desculpa;ah,eu queria ser aeromoça,mas,como deixar meu pai,velhinho,sem ter quem tomasse conta dele!?e,o dinheiro não daria para pagar o curso,preparar-me e prover as despesas;tudo bem ,este argumento serve para   encobrir a sua paralisia,a perpetuação do status quo,o fato de você realmente não querer crescer na vida,seja por medo ou preguiça.Esta forma de paralisia é a pior de todas,pois é auto-consentida.
Existem muitas outras.Olhe o caso da mãe de Leibnitz,o filósofo;ele sempre desejou se casar e ter filhos,mas,a mãe sempre dizia:-filho,espera,só tens 30 anos(ou 40 ou 50)aos sessenta e cinco.a mãe falou:-filho,agora é muito tarde!
Sentimentos paralisantes existem muitos;a raiva,o ódio,a timidez,as hostilidades;ás vezes compensam que nos apeguemos a eles,como ás muletas.A paralisia vai da inatividade total até a indecisão ou hesitação.Sua raiva lhe impede de tomar uma atitude?Você é um desses “brasileiros cordiais” de que nos fala o Buarque de Holanda no seu livro “Raízes do Brasil”?Se é assim,você está é paralisado,incapaz de exigir seus direitos ou tomar satisfações.
O ódio ou o ciúme estão lhe causando uma úlcera ou lhe tornando hipertensa?Tudo isto é paralisia.Fale,grite,explique,reivindique,tome satisfações,arme um barraco,droga,nós não somos cuscus para morrer abafados.
Estamos paralisados,quando:
-as preocupações nos tiram o sono.
-não conseguimos nos concentrar no trabalho que tanto nos interessa.
-não fazer amor,embora estejamos loucos para transar,
-entregarmo-nos á depressão,sentados em casa o dia todo contemplando a morte da bezerra.
-não tomar a dianteira quando conhece alguém que lhe atrai.
-não canta,não dança,não joga futebol porque se acha desajeitado e os outros vão rir de você.
-não escreve porque acha que não tem nada a dizer,esquecendo-se que todos somos mestres uns dos outros.
-deixa-se cegar pela raiva.
-ofende a pessoa amada gratuitamente,sem motivo.
Está na hora da mudança.Comece estudando suas reações e procure encontrar-se,usando o diálogo,claro,mas,botando a boca no mundo sempre que for necessário.
Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 13/01/2009
Reeditado em 15/11/2017
Código do texto: T1382460
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