CONFIDÊNCIAS ... BIOGRÁFICAS? (25): No escurinho...

Psiconauta publica no RdL (09/01/2009.- T1375835) o poetrix que intitula «No escurinho»:

A lâmpada

Apenas no escuro

Diverte-se e brinca

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Poema singelo... em aparência! Porque há um outro poema, de escarnho e maldizer, de Joan Ayras de Santiago, em que o trovador brinca muito mais ousadamente com o "escuro".

De nenhum jeito quero mais dizer que nestas "cousas" da poesia e, em geral, da literatura, há coincidências que apenas se devem à condição humana dos poetas, às circunstâncias mais ou menos semelhantes que os humanos decorremos ou a simples casualidades.

Agora sei que o amigo Psiconauta não ecoa nem pretende ecoar o poema muito "non sancto", mas prazenteiro, do trovador galego, mas, desculpe-me que a seguir o copie, justamente para evidenciar a diferença que assiste ambos os poemas, embora ambos alicercem, liricamente, no "escuro".

No poema de Psiconauta a "lâmpada" gentil e nobre brinca no "escuro" divertente e mesmo cordial.

O poema do Joan Ayras brinca noutro "escuro":

Dom Beeito, ome duro,

foi beijar pelo oscuro

a mia senhor.

Om'é ome aventurado,

foi beijar pelo furado

a mia senhor.

Vedes que gram desventura

beijou pela fendedura

a mia senhor.

Vedes que moi grand'abato:

foi beijar pelo burato

a mia senhor.

Com certeza são poemas bem diferentes, mas perdoe-se-me que o título do delicado texto do poeta Psiconauta (desculpe-me, peço com encarecimento) me lembrasse o escarnecedor poema do trovador de Santiago de Compostela.

Entrementes, receba os meus parabéns mais sinceros o poeta Psiconauta pelo seu poetrix! E entenda que a criação literária permite que um mesmo assunto, até um mesmo vocábulo, dê pé a textos diversos, divergentes e contraditórios inclusive.