CONFIDÊNCIAS ... BIOGRÁFICAS? (22): Água na Boca...
Inspirado no poetrix “Um verso doce” de Vila, Roseane Ferreira (RdL, 08/01/2009.- T1373897) publica estoutro poetrix:
ÁGUA NA BOCA...
1. Água na Boca
Qual fruta suculenta
Mordida, derramada
Meus olhos se esbaldam...
2. Saciando?
Olhos que degustam
Olhar que apetece
Nunca se fartam...
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Não sei por que, mas este poema, em duas partes complementares, suscitou-me um tema teológico.
Bom, sim sei por que, mas não sei se devo dizê-lo... Estivemos a conversar a Isabel Rei e eu sobre vilancicos cantados durante o Natal em catedrais da Península ibérica, nos territórios que hoje são "Reino de España" e República portuguesa. Mas não sobre quaisquer vilancicos: Apenas sobre os vilancicos escritos em "galego" e de personagem galega, em geral pobre, como os pastores que foram chamados a Belém.
É tema deveras sedutor: Por que? Em que contextos? Com que objetivos eram cantados? Muitas respostas podem dar-se, que não são do caso...
Só evoquei essa conversa, de tema também "teológico", para explicar que o poema de Roseane me incitasse a tratar estoutro tema mais teológico ainda, o da "visio divina", o da visão do Deus, a qual, segundo dizem os que entendem, aliás, inferindo-o de lições bíblicas, nos fará felizes, quando, ultrapassadas as sombras deste mundo, alcancemos a luz celestial.
É no olhar, também no sensível, que a pessoa total receberá contentamento acabado, felicidade absoluta... Por que?
Vou aventurar alguma resposta: Porque a Divindade se nos oferecerá como a beleza suma, como a formosura completa... Formosura, dizem, procede da palavra "forma". Portanto, contemplaremos formas ou estruturas perfeitas, ordenadas de tal modo que nos sentiremos ... no céu.
Se agora, neste mundo imperfeito (só imperfeito?), vemos belezas e ficamos assombrados e xomo extasiados, que e como nos experimentaremos, quando fitemos a lindeza e graça infinita, que é o Deus, nas suas magnificência e verdade patentes?
Não sei se esteé bom comentário do poema de Roseane. Desculpe-me a poeta que me extraviasse por lindas que talvez não sejam muito bem trazidas. Mas é o que o seu poema me suscitou. Obrigado, cara poeta.
Água, olhos, visão, infinitude ... todos são temas tentadores...