SILÊNCIO E PAZ

Neste momento preciso de silêncio; silêncio quebrado apenas pelo doce barulho das asas dos beija-flores que sempre estão á minha espreita na janela. Preciso silenciar sempre, diariamente, para saber o que vai dentro de mim, para ouvir o que fala em mim, o que lateja, o que pulsa, o que desejo.

Neste silêncio, só, escuto a minha alma...respiro fundo...relembro as minhas decisões, reforço-as em mim...revejo atitudes que não deveria ter tido e penso em como poderia agir, caso acontecesse o mesmo fato novamente. Não sei se isto é maturidade, mas sei que é busca, uma busca permanente pela serenidade, por um canto meu, só meu, que não é permitido entrar ninguém além de Deus.

São momentos que aprendi a ter, a criar para mim, no meio da dor. Fui obrigada a puxar o freio de mão, a parar o carro no acostamento e a rever a direção que estava dando à minha vida. Ali parada, olhando longe o horizonte, com peito doído, vi montanhas azuladas, paradas, como se me fitassem. Para onde ir, o que fazer, eram perguntas que não calavam. Era necessário decidir. Meu coração irracional no momento dizia uma coisa, a razão outra.

Foi assim, num momento de silêncio e conflito, de dor e desespero, que vi que estava no rumo errado. Chorei ali sozinha, enquanto outros carros passavam esporadicamente. Entrei no carro já com a decisão de fazer o retorno e mudar a direção. Mudar a direção da minha vida.

Ainda no caminho, sentindo um grande alivio no meio da dor, dei um sorriso entre lágrimas. Eu estava voltando para casa, para dentro de mim, respeitando as minhas limitações e anseios.

Nada melhor do que silenciar, escutar nossa alma, e deixar habitar em nós, somente aquilo que nos faz bem. Estou de volta para casa.

Diariamente volto para dentro de mim, para saber e ouvir o que meu coração lúcido e não passional tem a me dizer.E ele sempre escolhe, o melhor caminho: o caminho para a paz.