CONFIDÊNCIAS ... BIOGRÁFICAS? (11): Prostituta...

Prostituta

De seus corpos, recebes o chamado

Assobio de carnes apressadas

Viajantes no país do cio.

Lânguidos os suores, o gesto ousado

Reclamas os favores deste desvario

Sem direito a prazer, nem protesto.

És pária nesta viagem carnal.

Imaginas-te feliz, sem o ser de facto.

É o indriso de Lucibei, publicado no RdL (04/01/2009.- T1366511)

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Em mais duma ocasião tentei imaginar-me prostituta: não prostituto, mas prostituta; não escrava, mas prostituta por eleição. E nã o dei imaginado, não fui capaz de me ver bela e enfeitada trespassada pelo cio de uns e de outros... a câmbio de umas moedas ou de muitas moedas.

Sei, sim, que há mulheres capazes de expor a sua carne, delicada, aos desejos, nem sempre delicados, de varões, com frequência insatisfeitos da vida e não só da mulher própria (se a tiverem).

Entendo, mesmo, o que agora chamam de "dogging" ou o encontro, mais ou menos patuado, mais ou menos exibido, mas ocasional. Entendo, embora também não o compreenda.

Porque a carne feminina não pode satisfazer-se com o que lhe deem os viajantes ao país (país?) do cio. A carne feminina, como a masculina, embora com ritmos outros, procura o êxtase que apenas pode achar-se no amor.

Também entendo que todos, uns mais, outros menos, para além de comprazentes com a nossa, sejamos "voyeurs" da carne alheia sem mesmo precisarmos manuseá-la, acariciá-la, envolver-nos nela. Mas não entendo (confesso-o) que o cio seja tão intenso, que o tesão seja tão invencível que conduza o varão (ou a mulher) ao pagamento duma carne emprestada a baixo preço (sempre).

Antes do que isso, acha-se a auto-satisfação, sempre a mão, sempre possível ... e mesmo barata.

É o que opino. Desordenadamente.

Dou toda a razão a Lucibei mormente no que dizem os versos finais:

És pária nesta viagem carnal.

Imaginas-te feliz, sem o ser de facto.

Dou... e não dou: Achas, Lucibei, que a prostituta se imagina feliz no seu "trabalho"?

Curioso... Citei a palavra: "Trabalho"... Comenta-se: Todos trabalhamos emprestando umas partes do nosso corpo; as prostitutas não são nisso diferentes... Será certo?

Iniciei esta minha mensagem-comentário pela advertência de pretender imaginar-me prostituta e não o ter conseguido. Talvez essa seja a razão do desalinho que preside este texto. Desculpem, desculpa, Lucibei.