CONFIDÊNCIAS ... BIOGRÁFICAS? (10): Quis...será! ...

Ângela Pereira, Anja, publica no RdL (04/01/2009, T1366459) o poema «Quis...será!» (datado em 23 de dezembro de 2008). Gostei dele, mesmo me comoveu. Ei-lo:

Camarada...

Quisera pousar teu rosto no meu colo

Quisera sentir teu fôlego...

Quisera trocar carícias...

Quisera ouvir sussurros....

Ah! Quisera...

Quisera porém também o respeito mútuo!

Quisera o correto furto!

Quisera as palavras nuas.

Quisera mais!

Quisera a coragem...

Levanta! Anda! Senta aqui...

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Imagino a cena. Imagino-me na cena: Minha amada (esposa ou não, tanto tem: importa ser amada) que me convida a pousar no seu colo a cabeça, tornada triste e velha não tanto pelos anos quanto pelo pendor à desesperança; que insiste em me sentir ser vivo, amante ardente; que me incita ao respeito mútuo e à sinceridade e à coragem... de vivermos neste mundo, como é, mas aflitos pelo que é...

Exprime amorosa o seu desejo, firme, mas delicado...

Imagino. E desde essa fantasia, alicerçado nessa fantasia nevoenta, respondo, também imaginariamente:

Sim, meu Amor, preciso de ti,

do teu colo hospitaleiro,

amorosamente hospitaleiro:

Necessito as tuas carícias

de brisa e de sombra,

dedilhadas suavemente,

Quero sussurrar-te palavras

e mais do que palavras,

latejos de coração

namorado...

Mas preme-me o desespero,

a tristeza de viver

neste mundo

de misérias...

Sobretudo me angustia o ser que eu sou:

tímido, cheio

de temores,

do tremor

de nunca saber

se ando no certo.

Desculpa, perdoa, meu Amor, e ama-me

apesar de tudo...