CONFIDÊNCIAS ... BIOGRÁFICAS? (7): Tempo...
Leio este dueto de Meriam Lazaro & Zédio Álvarez, que me encanta tanto que, com licença dos autores, poetas!, o copio cá para, sobre ele, refletir acerca do TEMPO:
Olhei nos olhos do tempo (ML)
No tempo mudado do sertão (ZA)
Assoprei divagação (ML)
A lua veio numa noite fria (ZA)
Na flauta do pensamento... (ML)
Para agasalhar um coração... (ZA)
- Dó, ré, mi, bolha-de-sabão. (ML)
E o cobertor foi a tua poesia (ZA)
«Meus agradecimentos a Meriam Lazaro pela interação: Zedio Alvarez, RdL, 03/01/2009 (T1364865)
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Nos inícios do ano, dito novo, não posso não refletir sobre o tempo, o tempo em geral e o meu tempo, sobretudo o meu tempo.
Pensadores reconhecidos na História, como Santo Agostinho ou Rousseau, discutiram (consigo) acerca do tempo, da essência do tempo. Mas pode o tempo ser rastejado até dar com a sua essência?
Uma primeira resposta, ou impressão, nega que o tempo disponha de essência; antes, concebo-o como negação de toda a essência. No poema: «- Dó, ré, mi, bolha-de-sabão.» Sim, agora aí está, ou parece, irisada, e a seguir rebenta, dissolvida no ar... Umas pinguinhas de umidade e aí foi tudo.
Porém, todos (ou quase...) atribuimos ao tempo alguma presença corpórea, espetral por vezes, mas real, em todo o caso, à maneira do que o verso diz: «A lua veio numa noite fria»; sim, como lua, cinzenta, que se nos aconchega em noite fria, nem morna, nem quente... Noite afinal arrefecida quase com violência.
E, não obstante, todos (ou quase...) celebramos a memória do tempo ido, dos bons tempos idos, porque sob o tempo em que nós estamos... Nós somos sustentáculo do tempo: Não existe o tempo; existimos nós, a passar, a envelhecer, se possível, belamente, mas a tornar-nos mais cada vez velhos, caducos e, apesar de tudo, ávidos de vida...
Como comecei a dizer, celebramos a memória do tempo ido, porque sabemos, nos consta com firmeza de sol, dourado, esplendente, que as aparências constroem a poesia, triste ou alegre, namorada ou desiludida. Bem o diz o poeta: «E o cobertor foi a tua poesia...»
É o que eu sinto; é o que o dueto de Meriam Lazaro & Zédio Álvarez me sugere... Sempre esperança, contra toda a esperança, que pregoa o texto bíblico.
Feliz Ano 2009! Aos poetas! A todos os poetas! A todos os recantistas! Ao mundo inteiro, sobretudo aos que hoje padecem as inclemências dos humanos desumanos em guerra, desigual sempre!