CONFIDÊNCIAS ... BIOGRÁFICAS? (6): Vivo pela metade ...

Vivo pela metade;

Desde que você

se foi de mim,

e consigo levou

parte de meu ser.

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wannessa Araujo, «Vivo pela metade», RdL, 02/01/2009 (T1364102)

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Se bem o penso, eu vivo não pela metade, mas por parte menor... Qual? Nem sei: A última que levaram consigo, sem eu quase percebê-lo, anda pelo Brasil e por Portugal e por Moçambique e pela Lusofonia toda, pelos recantos do Recanto das Letras. Lá tenho achado muito coração roubador de esperanças inocentes e de vida grata.

Tanto que me imagino habitar em bastantes desses cantos: Corações generosos de amigas e de amigos que (sei) me estimam, nos estimamos...

Foi um roubo precioso e recíproco, porque eu também possuo agora bastantes partes, menores, mas maravilhosas!, de corações amigos...

Não são metade, como de laranja... Com certeza não são, mas nada menos frutificam no meu coração e alimentam-no suculentamente; tanto que me sinto bem satisfeito entre tanto carinho desinteressado.

É a diferença fatal entre o carinho de amigo e a paixão de amante... Compreendo que os namorados vivam da metade das namoradas e vice-versa. Ainda que, quase como norma, sejam elas as que entregam não só a metade, mas toda a alma... Por que se conduzirão tão "irrazoavelmente"? Isto é o que não o entendo; não o entendo de todo. Como não entendo que os varões careçam com frequência do sentimento suficiente para corresponder o amor apaixonado das namoradas.

Arrastado pelas reflexões que antecedem, decidi escrever uns haikais quase sem sentido:

Mulher namorada,

deixa o varão fantasiar

nas folhas do outono...

Tu mantém inteiro

o coração namorado

como em primavera...