CONFIDÊNCIAS ... BIOGRÁFICAS? (4): Céu absoluto e azul!

Leio num poema absolutamente lírico:

«O céu está absolutamente azul

»há prédios, alguns brancos ao fundo, no alto do morro

»em meio ao resto de mata e canto ecoado de pardais,

»também um bem-te-vi.

»até parece Rio de Janeiro!...»

O autor é "renatovsk", RdL, 02/01/2009 (T1363276)

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Na Crunha, porém, nesta Crunha (por nome castelhano "Coruña") dos nossos pecados, levianos, o céu anda anuviado, coberto com umas nuvens pardas, grises, tristes, angustiadas talvez pela crise que nos invade ou na que estamos no mergulho total.

Não ouço passarinhos nem as gaivotas que com tanta frequência, de manhã, nos acordam com os seus gritos, ou berros, desgarrados.

Ao longe, desde a janela traseira, posso enxergar, mais do que olhar, a Torre de Hércules, pobrinho ele, já que pouco (talvez) tenha a ver com tal monumento romano, no interior, e neoclássico, no exterior. Antes deveria ter por nome Torre de Breogão, desde a qual o herói galaico-céltico ou celto-galaico ou simplesmene "calaico"*, avistou a Ilha de Irlanda e com valentes companheiros lá foi para a conquistar e estabelecer o reino segundo de Breogão, continuador do calaico.

Imagino (maravilha da imaginação que nos torna humanos!) como é que de herói tão particular e de gente tão escassamente numerosa surgiram os impérios, sucessivos, português e britânico.

Imagino e dou-me um bom conselho: «Estuda bem a história do acontecido; repara antes de mais no que, trás os contos, há de certo e verdadeiro, para, a seguir, tirar as conclusões pertinentes. Quais essas conclusões? Sobretudo, essa que inverte o dito latino "Nil novum sub sole", porque quase sempre algo novo sob o sol existe, começa, progride e mesmo morre, para recomeçar o ciclo...»

Por outras palavras: Nas cousas da história o céu quase nunca é absolutamente azul, mas, com sorte, arco-íris ou arco-da-velha estendido (**).

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(*) "Calaico" é o nome que prefere o amigo Higino Martins Esteves, professor argentino, lusófono galaico e investigador das raízes célticas da Galiza e portanto de Portugal e por consequência de muitos nomes emigrados ao Brasil, mormente ao Brasil.

(**) Sobre o arco-da-velha o Prof. Martins faz umas pesquisas muito interessantes no seu 'As tribos calaicas', publicado pelas Edições da Galiza, Sant Cugat del Vallès (Barcelona, Spain).