B E M - O - V E M O S - A N O . . .
A estrada do Tempo, que conduz nosso destino rumo ao
futuro nos fez chegar nesta quarta-feira aos limites de 2008. Há
neste local ou nesta divisa uma porteira enorme. Do lado de cá
estão amontoados muitos dias, todos eles do ano que hoje
velhinho se despede. Ficam guardados nas suas páginas diárias
e nas imagens da nossa intimidade, os momentos que marcaram
a vida de cada um - vitórias, alegrias, derrotas, tristezas, abalos,
sacrifícios, amor, ingratidão, ternura, sonhos, desvario, afeto,
agitação, insegurança, medo...
Do outro lado - além da porteira - envolto no nevoeiro
do mistério, está o novo ano que chega. Dentro de nós ele se
aproxima carregado de esperança e então ficamos com a expec-
tativa de dias melhores, de horas sorridentes e de muitos minu-
tos portadores da pura felicidade.
O que resta falar do ano que finda ?!?
Sabemos que nada neste mundo é perene. Tudo é
defeituoso, decadente, morredouro. Passageiro é o tempo que
temos agora mas perdemos no minuto seguinte, como transitó-
rio é o vento que corre a murmurar seu doce alarido, contami-
nado ora do perfume que vem das campinas, ora trazendo o
queixume dos seres que encontrou pelos caminhos.
Um ano que passa é consequência de outra volta
dada pela engrenagem do Tempo e quando estamos no
encontro dos ponteiros, o que resta é darmos graças aos céus
por tudo que de bom foi alcançado, lamentar tudo que foi
perdido ou desperdiçado, e de mãos dadas, entre braços e
abraços, reunir forças e com elas consolidar um ideário de fé,
otimismo e harmonia crescente no ano que vem chegando.
E o aninho que vai nascer ?!? Como será ? Nada
que se fale sobre ele passa de cogitação ou mera indagação...
Alguém se arrisca a previsões ?!?
S e r á ...
que os homens, perseguidores da paz
fazendo a guerra, censurando-se uns aos
outros, provocando-se mutuamente,
chegarão, um dia, a algum acordo que
não seja apenas o preenchimento de um
protocolo, a cobertura de mais uma
mancha deplorável, a simbólica assinatura
numa folha de papel ?
que os homens que digladiam com essa
ganância desmedida, com esta fartura de
egoísmo, com essa carência de escrúpulos,
chegarão, neste ano, ao final da batalha
sem terem depreciado as virtudes, amargu-
rado seus dias, desordenado mais ainda a
própria vida neste Planeta ?
que os homens que voltam-se contra os
homens, que voltam-se contra si mesmos,
que voltam-se contra tudo, chegarão em
2 0 0 9, a um entendimento entre si, a um
rompimento com a desonra, a uma
harmonia na própria intimidade ?
S e r á ?...
São 22 horas. O 2008 está agonizando. A
noite está quieta, a cidade parou, todos aguardam. Ali na
sala as pessoas estão como que narcotizadas ou embriagadas
com a idéia do encontro dos ponteiros. Há no ambiente uma
indisfarçável ansiedade. Os olhares transmitem pensamentos
indefinidos.
Mas vejam...
- que luzes são estas chegando até nós ?
- que sons vêm se aproximando ali no
alto, enchendo o espaço de música ?
- que vozes nos chegam a entoar
o epinício do amor ?
Eia, irmãos,
adultos,
garotos,
criancinhas,
venham todos. . .
Venham ter à rua. . . !
cantem em coro
o hino da felicidade
badalem o sino de aço
que há dentro de vocês
batam palmas
ao novo habitante
dos nossos corações. . .
Olhem bem . . .!
Vem ali na esquina
o ANO NOVO
2009
vem luzindo
sorridente
entusiasmado
Abram os braços,
abracem-no,
recebam o novo irmãozinho
da família-humanidade.
Bem-vindo,
2 0 0 9,
seja feliz entre nós !