MENSAGEM À NORTISTA.

Senhora Nortista

(Não consegui escrever no seu próprio site que não apresentava qualquer registro ou mensagem, parecendo ter sido criado há poucos minutos. Respondo por esse meio ao seu comentário abaixo transcrito).

Comunico-lhe que tenho escritos que revelam a minha admiração pela Região Amazônica, seu povo e sua cultura. Em alguns, manifesto a preocupação quanto ao seu futuro, tanto se divulga sobre os interesses internacionais na região e sobre a precariedade das nossas condições de protegê-la ou explorá-la de forma ecologicamente correta.

Cabe dizer que nada do que a senhora escreveu, considerei agressão, mesmo porque nada do que escrevi era agressão ou menosprezo.

No entanto achei precipitada a sua afirmação sobre o meu desconhecimento e preconceito sobre a região, quando a senhora não me conhecia e nem conhece.

Pois bem, conheço Manaus de alguns anos atrás quando lá estive a trabalho, estudando várias indústrias para fins de liberar fornecimentos de matérias primas.

A febre comercial da Zona Franca já havia ultrapassado o seu auge, as lojas e a cidade sofriam com isso. O Polo Industrial dava um novo alento à economia do Estado. O Tropical da Amazônia era um hotel muito bonito, amplo, rico em ornamentos de madeira, etc. , o pequeno zoológico era interessante de ser visto, o encontro das águas um espetáculo único, como o próprio rio Amazonas.

Em Belém estive em janeiro/06. Trata-se de cidade que preservou sua história, monumentos, parques, fauna, flora e arquitetura. Ao lado de preciosidades do Ciclo da Borracha, cresce e se desenvolve moderna e aprazível, em uma ilha, na baía de Guajará. Nível de atividade econômica característica de um polo de desenvolvimento. Povo hospitaleiro e alegre. Alguns empreendimentos grandiosos, tais como a Recuperação das Docas, do Forte do Presépio, da casa das Onze Janelas, O Mangal das Garças, Igrejas, Teatros e Cadeia (Museu da Gema) etc. que são tão ou mais modernos que os similares de várias capitais brasileiras. A Arte Marajoara e a Tapajônica são muito bonitas. A mineração é rica, e não só do ouro e dos diamantes. O carimbó dança e rítmo alegres e bonitos. A culinária uma delícia.

Não prossigo falando do Norte à senhora que é nortista, e portanto conhece melhor que ninguém a sua região. Eu, por melhor que conhecesse, mesmo tendo o maior interesse em conhecer, conheceria menos que os habitantes locais e isso é natural, e não tenho essa pretensão. Além disso, quem só conhece a capital, não conhece a região.

Não gosto de polemizar e se lhe digo umas palavras finais é em decorrência de coisas ditas pela senhora.

Quanto a Belém-Brasília sei que é asfaltada. Além dos relatos de um grande amigo, hoje falecido, e que era dono de um dos bons restaurantes de Belém e de um caminhão que transitava por ela, tenho visto também na TV que em determinadas épocas do ano, determinados trechos ficam intransitáveis. Isso de fato acontece em todo o Brasil, excetuando-se algumas estradas privatizadas, e principalmente as do Estado de São Paulo.

Agora uma surpresa: A senhora sabe que a língua yanomami tem uma sonoridade parecida com a japonesa? Faz uns 5 anos que conversei com o Cacique dos Yanomamis e lhe pedi que me falasse por alguns minutos em sua língua. Fui atendido, não por conhecê-lo ou por ele me conhecer, mas por estar com uma amiga antropóloga que passou algum tempo em sua tribo.

Agora pediria à senhora que se detivesse alguns minutos sobre o meu texto, caso tenha a boa vontade de fazer, procurando compreender que a citação a Manaus e às indiazinhas de bunda de fora, foi uma metáfora e eu não me referia exatamente às manauaras, e sim pensava nas índias verdadeiras e não aculturadas, pertencentes a etnias que ainda vivem em suas aldeias sem a vergonha de estarem despidas.

Central, não é a Central que há por aí. É a Central do Brasil, estrada de ferro que depois da Rede Ferroviária Federal não sei se perdeu esse nome. Foi onde imaginei o rap acontecendo e o mais foi força de expressão.

Desejando-lhe uma boa noite.

Aqui o seu comentário na minha página:

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Senhor Poeta Marco Bastos . Excelente crônica "ferrovias-entre a poesia e a realidade", todavia como Nortista , sinto-me na obrigação de lhe falar que percebi um certo preconceito seu no que diz respeito ao Norte. Em sendo Manaus uma capital, as "indiazinhas" que por lá existem (?) - se é que estão só em Manaus - não precisariam deslocar-se para Central... Quanto a Belém-Brasília - rodovia que provavelmente o senhor não conhece - ela não é tão diferente das estradas da Bahia, São Paulo ou das estradas dos demais estados do Brasil : esburacada , sem acostamentos, sem sinalização, etc..., mas não atola não, pois é asfaltada , e não de piçarra. Feitos esses pequenos lembretes, o parabenizo pela obra que vem apresentando no recanto , solicitando sua compreensão na defesa do Norte, pois assim como o senhor, muitos que por aqui ainda não passaram , criam ou mantém uma imagem errada desta parte do país. Nortista.

Enviado por Nortista em 08/04/2006 19:29

para o texto "ferrovias - entre a poesia e a realidade."

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