Um apólogo divertido e reflexivo...

Qualquer dia desses, meu amigo vento irá me visitar. Trará novidades, contarás histórias e relatos de lugares ao qual percorreu, dirá que outros cruzaram seu caminho, das nuvens que dançaram sob suas rimas, do diálogo com os sete mares, da luta com os desertos, dos misteriosos trópicos, do romance com a neve, do medo da chuva...

Eu, inerte, apreciarei cada palavra, fecharei os olhos e viajarei naqueles dizeres... Como de costume, não perguntarei absolutamente nada, só ouvirei calado, louco de desejos de viver tamanha aventura... Sei que tão logo, meu amigo vento, partirá de novo, porque não tem moradia fixa e o tempo é seu maior inimigo. Segue em velocidade plena, a procura de mais aventuras mundo afora e eu, mais uma vez aqui preso a animosidade da vida, a sonhar um dia desprender-me dessa natureza permanente, rolar até os confins da terra, nem que amasse outras pedras pelo caminho... Só assim, deixarei de ser ouvido para ser lábios e, quem sabe, contarei também as minhas histórias tal qual meu velho amigo vento.

Pessoas que não se acomodam, que vão à luta e que buscam por ideais, são chamadas de vento. Àquelas que vivem presas em conceitos, conformidades e medos são conhecidas como pedras.

Sérgio Russolini
Enviado por Sérgio Russolini em 19/12/2008
Reeditado em 23/12/2008
Código do texto: T1343981
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