Ela queria ser louca... mas não era.
Ela queria ser louca, mas não era... aliás a sua sanidade a atormentava intensamente... suas responsabilidades, suas colheitas, seus amores e suas dores.
Ela queria ser engraçada, mas não era... na verdade não conseguia, estava tão consumida em mágoas e em ressentimentos que tudo que dizia ou fazia refletia a sua condição de prisioneira de si mesma.
Ela queria ser dura como rocha, mas não era... de madrugada seu travesseiro testemunhou por diversas vezes a sua fragilidade de flores e de sonhos.
Ela sabia... era mais uma Maria ... mais uma bela mulher, atormentada pela sua consciência que insistia em lembrar-lhe que a amargura não é o caminho da serenidade, mas era pura autodefesa.
Ela queria perder a esperança... mas a sua sensibilidade não permitia... e assim ela seguia, entre a extrema lucidez e a desejo de loucura... no fim... ou talvez em um novo começo... ela faria tudo diferente... Brotou um sorriso de menina nos lábios... e o coração cansado das torturas da vida vislumbrou mais uma vez a possibilidade de luz e de mel.