Ilusão
À minha ilusão Escuto o cair da água, límpida e cristalina, vinda do deserto; vejo um mar de rosas oriundo de profundos e cruéis espinhos; balbucio doces e suaves palavras no cair de uma noite tempestuosa e abismática; acaricio afavelmente o teu pensamento frio e distante e sinto o leve e gentil toque dos meus sentimentos que repousam na dúvida e no imprevisível. Sentimentos?! Penso, muito, pouco?! Rio? Talvez. Choro, afogando a dor... mas como, se não tenho em quem pensar, por quem sorrir, por quem chorar? Não, minto; penso em mim, rio de mim, choro por mim... afinal a solidão existe, também ela mora aqui! Não quis acreditar e céptica me tornei. Hoje vagueio num mundo ilusório e transcendente, sem me iludir, sem me elevar... levanto o véu de um eu passado, e só a ti vejo, só a ti sinto. Oh, cruel memória, porque insistes em permanecer? Viveste num tempo em que o sol brilhava, os pássaros chilravam, a chuva caía subtil e cristalina em telhados de entes sonhadores; num tempo em que a lua entrara em delírio ao entardecer! É ela o reflexo das águas do mar salgado, a sombra da escuridão, apazigua minha mente amargurada, ajuda-me a enfrentar a cada passo uma nova e ardente madrugada!( Aut Edder Storch)